A Federação é quem melhor pode negociar a centralização dos direitos de TV
SENADO - José Eduardo Simões, cronista de O JOGO, fez as contas com base na fórmula espanhola e "distribuiu" os milhões que se pensa valer a somo dos atuais direitos de televisão que cada clube negoceia, cada um por si.
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O tema da distribuição dos direitos televisivos em Espanha foi objecto de algum debate e pedidos para mostrar como poderia ser aplicado, usando critérios semelhantes aos dos nossos vizinhos. Vou satisfazer essa curiosidade usando a classificação da época 2017/18, mas não deixo de referir que outros modelos, como o inglês, são igualmente interessantes.
Deixo o apelo a que os donos das capelas e quintinhas pensem no futuro dos clubes como um todo e na melhor forma de ganharem qualidade, competitividade e equilíbrio financeiro.
A estimativa do montante dos direitos TV dessa temporada aponta para 7 milhões de euros (II Liga) e 170 a 175 milhões (I Liga), perfazendo cerca de 180 milhões. Relembro que o objectivo central será aumentar esse valor numa negociação centralizada e proceder à distribuição segundo os critérios seguintes: 1.º - diminuir para o máximo de 4 para 1 o fosso entre os 3 primeiros e os últimos; 2.º - nenhum clube perder em relação aos valores que recebe hoje; 3.º - dar 10% do bolo à II Liga.
É essencial que se perceba que estes critérios têm de funcionar em conjunto para que TODOS SEM EXCEPÇÃO possam aderir. Não é aceitável nem interessa ao futuro do futebol português, no quadro das competições da UEFA, que, por causa das imensas injustiças que hoje ocorrem, uma qualquer distribuição a aprovar retire verbas a Benfica, Porto e Sporting (2.º critério).
A partir daqui é simples fazer contas ao valor para que se cumpra o 1.º critério: se o campeão encaixar 40 milhões, o último classificado tem de receber 10, no mínimo. Os restantes 16 clubes recolherão valores que dependem da classificação final da temporada (17/18) e da média obtida nas últimas 5 temporadas; do n.º de sócios e média de assistências em cada época (ponderado com valor das bilheteiras); e do n.º de jogos transmitidos por clube.
Com base nos dados disponíveis nas estatísticas da Liga, e tendo em conta que Portimonense e Aves só têm uma época, Chaves e Feirense duas, Tondela três e Moreirense quatro temporadas, os resultados são os que se apresentam na tabela abaixo descrita. Isso exige que, com a centralização, se passe dos actuais 180 para 340 milhões de euros (contando com cerca de 30 milhões de euros a distribuir pela II Liga), possível com modelos de venda por pacotes de jogos, regiões e plataformas de streaming.
O valor poderá até aumentar caso inclua o futebol de formação, o futsal e o futebol feminino. Para que tal aconteça, a entidade que melhor pode negociar a centralização dos direitos do futebol profissional é a que representa as modalidades referidas: a Federação Portuguesa de Futebol, que em breve terá uma estação de transmissão e funcionar em pleno (o Canal 11, idealizado com a RTP, que não tenho dúvidas de que será um sucesso, até porque alguns jogos das Selecções podem ser também aí transmitidos).
Com este contributo, deixo o apelo a que os donos das capelas e quintinhas pensem no futuro dos clubes como um todo e na melhor forma de ganharem qualidade, competitividade e equilíbrio financeiro. Com a FPF e o seu canal como chave do sucesso de todos.
ÉPOCA 2017/18 (SIMULAÇÃO)
CLUBE E VERBA A RECEBER (M€)
(critérios "Espanha")
FC Porto - 36
Benfica - 40
Sporting - 35
Braga - 20
Rio Ave - 15
Chaves - 11
Marítimo - 16
Boavista - 13
V. Guimarães -18
Portimonense - 11
Tondela - 11
Belenenses - 13
Aves - 10
V. Setúbal - 13
Moreirense - 12
Feirense - 11
P. Ferreira - 12
Estoril -12