JOGO FINAL - Uma opinião de Alcides Freire
Corpo do artigo
Não se tratando de uma versão futebolística da famosa fábula, o espelho acaba de entrar a pés juntos no futebol português. “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?”, perguntava a rainha má da Branca de Neve. Luís Filipe Vieira adaptou a fábula ao Benfica e, todas as manhãs, enfrenta o seu espelho, enquanto faz a barba, com uma pergunta: “Vais candidatar-te ou não?”. Ora, tal como a rainha má, o ex-presidente não quer uma resposta – isso de espelhos que falam, só nos textos dos irmãos Grimm… – pretende, tal como a personagem do famoso conto, a confirmação de um desejo. Mas, nem sempre basta desejar.
Entre barbas feitas e recordações gloriosas, o ex-presidente Luís Filipe Vieira testa a popularidade à moda antiga: à varanda. No fim, espera que um espelho lhe diga o que quer ouvir
Vieira, na verdade, não fala para o espelho. Luís Filipe Vieira está a falar à varanda, alto e bom som, na esperança de que as aparições públicas formem “a vaga de fundo” de que necessita para se tornar um potencial vencedor das eleições. Retira a equação pessoal de uma eventual corrida contra Rui Costa, define um adversário exterior ao Benfica, capaz de unir os benfiquistas à sua volta – avançou ontem com Pedro Proença – e recorda um passado sobre o qual, todas as manhãs, faz a mesma pergunta: “Espelho, espelho meu, existe um Benfica mais dominador do que o meu?”.
No fim, Luís Filipe Vieira é totalmente honesto quando diz que precisa “de mais informação para dizer que sim”. Uma informação que espera retirar das reações às entrevistas que vai dando. Um dia, o espelho vai dar a resposta à pergunta repetida, todas as manhãs, enquanto faz a barba. Há uma mão-cheia de candidatos à espera da resposta.