TÁTICA DO PROFESSOR - Desde o jogo no Estádio do Dragão , o Benfica só venceu numa ocasião. E isso é que deve ser motivo de reflexão.
Corpo do artigo
1 É muito fácil especular sobre as razões que levaram o Benfica a entrar numa crise inimaginável há muito pouco tempo, essencialmente em busca de culpados para a situação porque essa é a tentação de quem gosta de discutir futebol, seja numa televisão, seja na mesa de um café.
Quando foi o jogo no Dragão, a 8 de fevereiro, disse aqui que a equipa não teve o comportamento habitual e escrevi também que estávamos longe de imaginar as consequência dessa derrota.
Nesse jogo, o Benfica perdeu (3-2) e perdeu-se, porque desde esse jogo só conseguiu vencer uma vez, contra o Gil Vicente, ficou afastado das competições europeias, entrou numa espiral de maus resultados com as consequências que se sabe. Chegou ao Dragão com uma vantagem de sete pontos, curiosamente, os mesmos pontos que tinha de desvantagem quando Bruno Lage tomou conta da equipa, que recuperou de uma forma fantástica, e que levou à conquista do título. Mais: em fevereiro, no Dragão, o Benfica interrompeu uma série de 14 vitórias, que inclusive tinham levado muita gente a pensar que seria mais um ano em que o título iria para a Luz. Muita gente fez essas contas, mas a realidade do futebol é cruel... Veja-se como em pouco tempo a situação se alterou, o Benfica deixou de ser líder, esbanjando a larga vantagem que tinha alcançado.
Depois de uma época brilhante, o Benfica recomeçou o campeonato muito bem, até perder no Dragão. Não é fácil encontrar razões para a atual crise; como escrevi no início, é muito fácil especular e os portugueses são campeões também na especulação, principalmente quando se desconhecem os reais motivos. E acredito que só mesmo quem está dentro da estrutura poderá encontrar os motivos para o momento que a equipa vive, que não é fácil e que não tem um futuro risonho, a começar já pelo próximo jogo, em Vila do Conde. Para além das dificuldades que é jogar naquele estádio e contra aquela equipa, o Rio Ave está mesmo muito confortável e na luta pela Europa, o Benfica tem uma defesa para compor: faltam Grimaldo e Jardel, por lesão, e André Almeida por castigo, ou seja, há mais desconforto para os lados da Luz do que para as bandas dos Arcos, e isto pode realmente ser mais um problema. Porque há ainda outro: o FC Porto tem uma deslocação bem mais fácil, vai ao terreno do Aves, e em caso de vitória fica mais perto do seu objetivo, porque o Benfica se não ganhar fica mais longe. E entrará seguramente pressionado por todas as razões que já apontei, pelo momento que vive, pela pouca paz que reina à volta da equipa. É um momento muto ingrato e de grande expectativa.
2 Expectativa também aqui no Brasil. Depois de amanhã há mais uma reunião que pode definir algo de novo em relação ao futuro. O governo estadual, a prefeitura e a federação paulista procuram encontrar as datas ideais para o recomeço. E há uma preocupação: o Brasil tem 23 estados e a pandemia não está a tingir todos da mesma forma. Há equipas de alguns estados que já estão a trabalhar, e ninguém fica indiferente ao facto de quando recomeçarem as provas nacionais haver umas equipas com mais tempo de preparação do que outras. Sabe-se como S. Paulo é dos estados mais atingidos, logo, as equipas deste Estado, como o meu Santos, o Palmeiras, o Corinthians, o S. Paulo, vão com certeza ter de combater essa realidade. E não será fácil para ninguém.