VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Acontecesse o que acontecesse, o pecúlio angariado pelo FC Porto no jogo do Estádio da Luz, na noite de ontem, seria sempre um benefício colateral, um bem maior acompanhado de um mal menor, jogo de sombras entre olhar para cima ou para imediatamente abaixo. A divisão de pontos entre Benfica e Braga seria sempre um resultado que deixava tudo em aberto, marcando a vice-liderança a cimento-quase.
O resultado pendeu para a actual liderança. Com o dia de hoje em descanso activo, os adeptos do FC Porto olham para a perspectiva de amanhã com a desconfiança de uma segunda-feira à noite em Arouca mas com a certeza de que só a vitória cumpre os requisitos mínimos de ambição. A derrota do Braga na Luz afasta o FC Porto do título, revalidação que passa a ser um acto de impossibilidade. Entrando em Arouca a 7 pontos, encurtar a distância para 4 é um último acto de aperto antes da visita do Benfica a Portimão.
Independentemente do que aconteça no "derby" lisboeta em Alvalade, nada se decidirá na última jornada. E é por isso que aumentar a distância para 5 pontos sobre os arsenalistas é tarefa mais do que motivacional para dragões. A possibilidade de se colocar a salvo de qualquer sobressalto no arremesso final é imperativo para uma equipa que ser quer solta e confiante para a final da Taça de Portugal no Jamor, a 4 de Junho. Atirar gasolina para a fogueira do Braga é permitir que ele pense que pode combater pelo segundo lugar. Teria reflexos indesmentíveis no acto final.
A segunda mão da meia-final da Taça, frente ao Famalicão, não foi um momento de inspiração ou alento. Apesar do assomo final de coragem que fez das tripas coração, não obstante a carga dramática que alimentou a dúvida, pese embora o arrojo que permitiu virar um resultado de 1-2 para 3-2 num par de minutos, ninguém pode esconder a ideia de que, durante boa parte do tempo, o adversário parecia querer mais do que nós. Poder mais do que nós. Na placidez da luta pelas segundas bolas que já se tinha feito sentir frente ao Boavista, reside a dúvida sobre a capacidade mental da equipa poder suplantar o cansaço físico e dar uma resposta indiscutível. Amanhã, em Arouca.