PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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1- A melhor análise sobre o estado da nação vitoriana tem visão de conjunto. Não se a tem num jogo, ou numa série deles, nem sequer numa temporada. Vistas assim as coisas, nos últimos anos o Vitória tem feito um percurso importante.
A nossa história foi feita de altos e baixos. Todos nos lembramos de grandes temporadas, mas a memória guarda também aquelas que se lhes seguiram, tantas vezes perdidos pelo meio da tabela, ou, pior do que isso, aflitos, fazendo equilibrismo para não cairmos no abismo da descida (onde chegamos a tombar por duas vezes).
É também por tudo isto que esta temporada é tão importante, que a classificação final é tão relevante e que o jogo de logo é tão decisivo. Porque ganhar significa mesmo muito. Significa desde logo que o Vitória consegue igualar o feito (apenas antes atingido em finais dos anos 90) de quatro classificações europeias consecutivas. Mas mais importante do que isso, significa que, pela primeira vez desde 86/87, o Vitória consegue fazer uma excelente campanha europeia e em simultâneo um bom campeonato, garantindo novo apuramento.
Ganhar será, por isso, a consolidação do Vitória europeu.
Claro que, chegados aqui, temos a sensação de que esta equipa, no campeonato, merecia mais. Aqueles dez pontos que desperdiçámos no final dos jogos permitiriam que a classificação europeia fosse hoje um dado pacífico. Com todo o respeito pelo Santa Clara, o Vitória deveria estar a lutar pelo terceiro lugar com Porto e Braga e não com os açorianos pelo quinto. Mas as coisas são como são e o que aconteceu é também resultado das dores de crescimento do tal Vitória Europeu.
Dito isto, falta ainda o mais importante: ganhar ao Farense, que vem a Guimarães lutar com unhas e dentes pelo resultado.
2- Mas há outro campeonato fundamental na consolidação do nosso projeto: o Campeonato de Portugal, onde o Vitória está a lutar pela subida à Liga 3. Depois de um mau início, a recuperação vitoriana foi notável e a subida está aí, ao nosso alcance. Ter uma equipa B no quarto ou no terceiro escalão do futebol português faz toda a diferença.
Se queremos construir um viveiro de talento, temos que conseguir formar, mas também atrair as melhores promessas para vir fazer esse “estágio”. E na Liga 3 será muito mais fácil de o fazer. O jogo de hoje, em Leça, será decisivo. Força rapazes!