A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 Espero, mais logo, um Benfica altamente motivado, com a cabeça limpa depois da traumática perda da liga, pronto para jogar o seu melhor futebol frente a um Sporting que vai entrar em campo com as faixas do vigésimo primeiro título de campeão, não do vigésimo quinto como vergonhosa e teimosamente insiste em apregoar. Vi esta época grandes jogos do Benfica de Bruno Lage, não vi sequer um grande jogo do Sporting de Rui Borges. Para conquistar a 27.ª Taça de Portugal, terá que ser o Benfica dos grandes jogos de Bruno Lage, porque o Sporting de Rui Borges, não fazendo grandes jogos, é resultadista até dizer chega.
2 Desconfiei da contratação de Otamendi, não porque tinha jogado no FC Porto, não sou de valorizar essas coisas; aplaudi quando foi promovido a capitão, o perfil para a função é que deve ser o fator de decisão. Ouvi ontem a conferência de imprensa do capitão e fiquei com a certeza de que ele dava um fantástico diretor de comunicação e que vamos sentir muito a sua falta quando deixar o clube.
3 A crer nas “notícias” que vou lendo, perdi a conta a quantos putativos candidatos estão já perfilados – e as eleições são só em outubro! Mais do que as pessoas, interessam-me os projetos e quem os vai em caso de vitória corporizar: como ganhar mais e mais continuadamente; como extrair da formação mais talento e, depois, como retê-lo mais tempo; como melhor comunicar – o clube não pode continuar com uma indigna e cobarde gestão de silêncios; como nos relacionarmos com as instâncias do futebol – basta de passar cheques em branco e ser comidos de cebolada; como aumentar receitas e diminuir custos para depender menos da venda de jogadores.
4 Guardiola, que é Guardiola, disse que não quer ter um plantel com 24 ou 25 jogadores, disse até que se não tiver um plantel pequeno se vai embora. E se acontecerem surtos de lesões? Tem jogadores da academia a que recorrer. Pagava para ver o Benfica seguir esta política – e as vantagens seriam múltiplas: menos jogadores insatisfeitos; investimento concentrado em menos contratações, logo de mais qualidade; menor massa salarial; mais oportunidades para os jovens da formação; por fim, mas não por último, acrescido Benfiquismo no plantel.
5 Assisti ontem, a convite do amigo João Antunes, à final da Champions feminina. As mulheres são mais ingénuas a jogar, mais lentas na tomada de decisão, porém menos enganadoras, recorrem menos às faltas maldosas, ao antijogo, pouco discutem as decisões do árbitro: eis alguns aspetos em que o futebol masculino teria tudo a ganhar se copiasse o feminino. Senti também – e muito! – a nostalgia dos ambientes únicos das finais europeias, estive em várias com o Benfica, ambiciono voltar.
6 Uma palavra de gratidão Benfiquista para a Filipa Patão pelos cinco campeonatos e mais umas tantas taças e participações na Champions. Para sempre uma de nós.
7 Porque as revelações feitas em tribunal sobre o doping da W52-FC Porto têm ajudado a fazer alguma luz sobre a batota praticada pela equipa, não perdi a esperança de vir um dia a saber como é que ciclistas tão carregados de substâncias proibidas jamais acusaram positivo nos controlos.