TÁTICA DO PROFESSOR - Jesualdo Ferreira, um dos mais credenciados treinadores portugueses, expressa a sua opinião em O JOGO sobre a final da Taça da Liga
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1 - A Taça da Liga definitivamente não é azul e branca. Pela terceira vez, o FC Porto perdeu uma final desta jovem competição, que hoje valoriza como não o fazia no passado, ou melhor, quando não a colocava na lista de prioridades. O modelo que hoje apresenta esta competição é bem mais atraente e não foi por acaso que tivemos nesta final-four as quatro equipas que seguem nos quatro primeiros lugares do campeonato.
Está de parabéns a Liga pela organização da prova, por ter sabido colocá-la de vez no calendário competitivo.
Não será fácil repetir algo assim, mas é um facto que esta competição conseguiu ser uma boa propaganda para o futebol e está de parabéns a Liga pela organização da prova, por ter sabido colocá-la de vez no calendário competitivo e porque numa semana permitiu assistirmos a dois clássicos, um muito bom, o outro nem tanto, mas já lá iremos...
Precisa de acertos, nomeadamente em relação às datas, sobretudo, mas creio que esse é o sentimento dos responsáveis da Liga, pelo menos foi isso que disseram por estes dias. A final-four foi uma festa que encheu de novo uma cidade onde o futebol é uma paixão. E houve muita gente nas bancadas, porque em jogo estiveram as quatro equipas que estão a lutar pelo campeonato.
2 - Deixem-me dar um aceno de simpatia ao Sporting pela vitória de ontem. Porque todos sabemos em que condições arrancou para esta época, e é importante não esquecer aqui José Peseiro, que fez o trabalho mais difícil: pegar numa equipa ferida e com o futuro num quadro negro.
A vitória de ontem será uma espécie de um prémio para aliviar todo o sofrimento que a equipa viveu. Os sportinguistas foram ontem mais competentes na hora de marcar os penáltis e têm um guarda-redes que bem pode vestir a pele de herói. Foi do FC Porto a maior posse de bola, os lances mais perigosos, a equipa chegou ao golo, mas ninguém imaginaria que o Sporting conseguisse desfazer aquele resultado a dois minutos do fim. Um lance que Óliver abordou mal e no qual fez penálti. Assim decidiu o VAR.
Depois, nas grandes penalidades, como disse, houve maior competência do Sporting. O jogo não foi bonito de se ver, não teve nada a ver com o clássico das meias-finais entre o FC Porto e o Benfica, que foi uma delícia para quem gosta de futebol, talvez o melhor dos clássicos dos últimos anos. Talvez a qualidade desse jogo das meias-finais tenha aberto o apetite e elevado as expectativas para a final de ontem, mas o facto é que o FC Porto-Sporting foi uma frustração para quem esperava ver um belíssimo espetáculo.
Um jogo em que tenho de destacar mais uma vez o guarda-redes Renan e também Fernando Andrade, que marca dois golos em dois clássicos e demonstrou que é claramente uma boa aposta como reforço de inverno e um elemento mais para dar força ao ataque portista. Foi-se assim um objetivo dos dragões, que também podem queixar-se de algum azar. Mas a sorte e o azar fazem igualmente parte deste jogo.