Perdeu-se o jeito para formar avançados? A resposta tem surgido por escrito, em jeito de convocatórias...
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O ideal seria Ronaldo desequilibrar nas alas, cruzar e a jogada congelar o tempo suficiente que lhe permitisse correr para a área e ainda finalizar esse cruzamento. Isso é que era. Mas, lamento informar, tal não será possível. E eis-nos perante o primeiro grande arrepio na espinha ao olhar para a convocatória de Paulo Bento: o que se passa com a formação de avançados em Portugal?
Hélder Postiga e Hugo Almeida, resistentes trintões no próximo Mundial, já estavam longe de ser consensuais de boa saúde; a lesão de Postiga e o susto por que passou ontem Hugo Almeida devolveu-nos a todos a noção de fragilidade de uma seleção que continua sem ponta para unir o talento que vai gerando até à área. Nélson Oliveira, está visto, foi investimento perdido de Bento.
Ter Ronaldo refém na grande-área, no Brasil, seria desperdiçar um foco de desestabilização numa zona mais alargada de terreno, facilitando a vida aos adversários, e o próprio Ronaldo dificilmente aceitaria reduzir o palco do Mundial à dimensão da área. Sim, o Brasil está perto, mas pouco importa agora. O que interessa mesmo agora é filosofar: o que aconteceu ao país que conseguiu, nas últimas décadas, ter Jordão, Nené, Manuel Fernandes, Fernando Gomes, Rui Águas, Pauleta ou até Nuno Gomes?
Perdeu-se o jeito para formar avançados? A resposta tem surgido por escrito, em jeito de convocatórias que são verdadeiros tratados de incompetência sobre o assunto.
Podemos sempre continuar a assobiar para o lado e esperar por milagres. Eles às vezes acontecem e o melhor mesmo é começar a ensaiá-los com os Camarões. Afinal, Leiria não fica assim tão longe de Fátima...