Luiz Diaz: um potencial enorme para ser craque
O 4x4x2 estendido em... 4x2x2x2. Esta terá sido a melhor versão tático-dinâmica dos diferentes sistemas- Conceição no FC Porto desta época<br/>
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1 - A relação entre flancos e zona central. Um diálogo de tática expresso com a... técnica em movimento, que faz o melhor futebol e transformação de sistemas mais imprevisível. Foi a forma de transformar um 4x4x2 no papel num 4x2x2x2 com o corredor central com três linhas de progressão (do duplo pivô para os segundos avançados ou dupla de terceiros médios, que são os alas por dentro, até à dupla atacante móvel).
Em nomes próprios, no 4x2x2x2 saído do 4x4x2 (ou vice-versa) portista contra o Marselha: Sérgio Oliveira-Uribe, Otávio e Corona entrelinhas, e Luiz Diaz-Marega, desparecendo um extremo para ele aparecer então mais no meio a finalizar. Luis Diaz, claro. Entretanto, as faixas tinham os seus "habitantes de profundidade" na subidas dos laterais velocistas, Manafá e Zaidu.
Descontando a "equipa sonâmbulo" que foi o Marselha, esta terá sido a melhor versão tático-dinâmica dos diferentes sistemas-Conceição esta época, antes comprometedores a defender (sobretudo em transição) sem criar novas rotinas num meio-campo pós-Danilo (o n.º6 que era o farol da ordem de pressão e recuperação).
2 - Tudo o que Conceição tem feito surge com o "processo competitivo em curso". Por isso, qualquer falha tem efeitos sobredimensionados. Na exibição, resultado e críticas.
A capacidade do treinador do FC Porto em trabalhar sobre pressão é algo incontestável que ganha total dimensão após derrotas que, dentro e fora do "mundo azul e branco", leva logo a colocar tudo em causa. Penso mesmo que necessita dessa pressão para ser "mesmo ele", humana e profissionalmente, até também para transmitir a mensagem com os efeitos fortes que pretende a quem o rodeia.
Esta exibição/reação contra o Marselha não foi, no entanto, apenas no "grito e na roda". Foi na relva e no quadro tático. Juntando todos esses diferentes factores, transformou as "nuvens negras" das críticas numa "pressão positiva" que catalisou jogadores (e suas dinâmicas em campo).
3 - Não sei como será melhor tratá-lo para que o seu talento ganhe consistência. É assim que olho para Luiz Diaz. Um potencial enorme para ser craque. Como extremo, avançado-vagabundo, de aparecer pelo meio ou inventar em velocidade. Com desequilíbrio e golo. Falta-lhe a tal consistência para o manter 90 minutos (ou de jogo para jogo). Solidificar a concentração e melhorar fundamentos de jogo. Um processo de aprendizagem que não é fácil (olhando-o da bancada, seu jogo e reações) mas no qual vale a pena perder tempo (o necessário que seja) até que tudo isso lhe entre na cabeça. E, assim (da cabeça para os pés) o seu talento ganhar consistência. Um caso clássico.