VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Agora com as dúvidas dissipadas sobre quem entra e sai, assomam os balanços e alguns amargos de boca sobre o que podia ter sido e não foi.
Ainda assim, contratações com critério que veremos agora se despontam ou se confirmam qualidade.
Para suprir sobretudo duas ausências de monta (Otávio e Uribe), o FC Porto contrata Fran Navarro, Alan Varela, Nico González, Iván Jaime, Jorge Sánchez e Francisco Conceição.
Sabendo-se que Uribe até parecia jogar melhor sozinho como pivot defensivo, a aquisição da dupla Alan Varela e Nico González diz bem da dificuldade em encontrar jogadores da estirpe do colombiano. A inconstância de Grujic também justifica o adensamento do território a meio-campo. Fran Navarro, que dá ideia de ser aquele tipo de jogador que precisa mesmo de jogar, acrescentaria bem mais caso Taremi tivesse saído. Iván Jaime, desejo antigo que o mercado foi colocando no purgatório que indicava um finca-pé com destino, é reforço certo: não sendo Otávio, nem de perto nem de longe, pode trazer soluções novas e desequilíbrios essenciais ao jogo ofensivo da equipa.
A contratação de laterais e extremos é um caso sério, como se o mundo não fosse feito para especialistas que se encostam à linha. No caso dos defesas laterais, então, vai longo o compêndio de "flops" e soma de insuficiências, como se o livro tivesse fechado em João Pinto, Branco, Alex Telles e companhia. Tanto no FC Porto como no Benfica, o olhar mais desatento diria que há um reforço de teimosia para as apostas mais dúbias. O próprio Jorge Sánchez é contratado para colmatar a saída de um defesa lateral adaptado (Pepê), o que diz bem da forma como temos gerido algumas questões laterais. O regresso de Francisco Conceição é tão boa notícia quanto má foi a sua saída. Se a expectativa era que pudesse crescer em competição no campeonato holandês, os números não falam por si. Mas é, indiscutivelmente, um jogador que dá pontos em momentos nevrálgicos do jogo e que pode, pelo arrojo e imprevisibilidade, ser muito útil. Se algumas vozes se dão mal com regressos, que os golos e exibições possam acalmar os nervos.
Não há adepto que, hoje, no regresso ao Dragão, não deseje um jogo tranquilo, sem margens mínimas finais e ataques de nervos em tempo extra. Tempo para confirmar Nico González em movimento de ascensão e de Taremi com a cabeça no jogo e na equipa. Tempo de rotinar ofensivamente a solução Gonçalo Borges que parece, a cada jogo, pedir mais minutos a Sérgio Conceição. Procuram-se mais três pontos para manter a liderança, enquanto se procura crescer em futebol após o amainar da turbulência na maioria dos mercados.