Nos Jogos da Lusofonia fala-se inglês
As pressões para que o português faça parte das línguas oficiais dos Jogos Olímpicos ficam comprometidas com o que se passa em Goa.
A terceira edição dos Jogos da Lusofonia, que decorrem em Goa até ao próximo dia 29, começou com muitas deficiências, o que fez Artur Moreira Lopes, chefe da missão portuguesa, tecer críticas. A mais gritante passa pelo facto de a organização indiana ter como língua oficial o inglês e só por vezes o português surgir nos comunicados oficiais.
Pode dizer-se que o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Depois de a periodicidade ter sido desrespeitada (o torneio devia ter sido em 2013) e de o país que o deveria organizar (Brasil) ter abdicado, concluiu-se que na Índia não se percebeu muito bem a razão dos Jogos da Lusofonia. Só assim se entende esta lacuna, a mais incómoda entre muitas.
O português devia ser a primeira língua. Tal como sucede com o inglês nos Jogos da Comunidade Inglesa e com o francês nos Jogos da Francofonia. Por isso, Artur Lopes reagiu: "Aqui é o inglês e, às vezes, existe uma tradução portuguesa. Eu bati o pé, acho mal, não estou nada satisfeito e, portanto, isso é bastante negativo".
Mas há muitos outros aspetos para que o vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal aponta: "A organização tinha, de facto, possibilidades, porque gastou mundos. Fez uma cerimónia de apresentação lindíssima. Depois, tem coisas que urge questionar".
O modo como os indianos encaram a logística foi também alvo de reparos: "A própria organização, dada a cultura do povo - e temos que perceber que estamos na Índia, apesar de Goa ser, de longe, a zona mais evoluída -, tem a cultura da Índia. Eles dizem que sim mas não sabem, nunca dizem que não, dizem que vão tratar mas esquecem-se. Eu suponho que nunca tenham enfartes do miocárdio... É necessário compreendermos tudo isto e a organização peca por isso" referiu, mostrando-se chocado por os pavilhões, sendo a estrear, estarem sujos e terem fraca qualidade.
As preocupações de Artur Lopes têm ainda outra razão de ser: numa olimpíada em que se faz pressão para que o português integre a lista de línguas oficiais dos Jogos Olímpicos, o sucedido em Goa é, no mínimo, desmoralizante.
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