A reviravolta de Miguel Oliveira que a equipa não esperava
Portimão, 25/03/2023 - Miguel Oliveira, ao volante de uma Aprilia, conquistou a quarta posição nos treinos cronometrados para Grande Prémio Tissot de Portugal, no Circuito Internacional do Algarve onde se vai realizar a primeira prova do ano. (Adelino Meireles/Global Imagens)
foto Adelino Meireles/Global Imagens
Patrão da RNF Aprilia diz que o seu pupilo "fez algo de mágico e foi fantástico", após uma sessão em que Marc Márquez estabeleceu novo recorde da pista e assegurou a pole position
Foi um grito de revolta! Depois de um dia aziago nas sessões de treinos livres para o Grande Prémio de Portugal, Miguel Oliveira protagonizou uma das grandes sensações nas qualificações, garantindo, primeiro, um lugar na Q2, e, depois, alcançando o quarto melhor tempo, sinónimo de que vai partir, hoje, da segunda fila da grelha de partida. "Fez algo de mágico para nós e para os adeptos portugueses", disse Razlan Razali, chefe de equipa da RNF Aprilia, transpirando felicidade com a proeza de Oliveira.
"Não esperávamos e foi fantástico, sobretudo depois de um dia complicado, por causa da queda. O quarto lugar é muito bom para todos e a segunda fila é o melhor para nós, pois não partimos demasiado atrás", acrescentou ainda Razali, ao mesmo tempo que colocava alguma água na fervura. "Continua a ser a qualificação e isso quer dizer zero pontos, embora ele nos tenha dito que a moto esteve bem", concluiu, expectante em relação ao que a corrida de hoje (14 horas) vai determinar.
A alegria, naturalmente, estendeu-se a Miguel Oliveira, que, mal chegou à sua boxe, foi felicitado por todo o staff e em especial pelo pai. O aceno do piloto para os adeptos portugueses, que o aplaudiam e gritavam o seu nome, ajuda também a explicar o estado de alma de Oliveira, que, de facto, teve uma atuação a roçar o perfeito. Primeiro, na Q1, fez uma volta espetacular, ficou logo em segundo, atrás de Marc Márquez, só que viria a ser ultrapassado por Alex Márquez. Com a qualificação para a Q2 em risco (só passam os dois primeiros), Oliveira superou-se e recuperou a almejada posição.
Depois, na qualificação para definir a pole position, o português continuou a brilhar. Começou discreto, andou pela cauda da tabela, recuperou para o 7.º lugar, e, num derradeiro esforço, subiu ao 4.º lugar, assegurando o destaque na segunda linha da grelha. O tempo de 1"37,521 só foi superado por Martin, Bagnaia e Marc Márquez, com este a assumir o papel principal.
Assim, se Bagnaia já tinha feito um tempo canhão, estabelecendo novo recorde do circuito, com 1"37.290, a sala de imprensa saltou um tremendo "ahh" e aplaudiu os 1"37.226 feitos por Márquez, cuja popularidade continua intacta e a ditar leis. O seis vezes campeão do mundo bateu toda a concorrência já nos últimos segundos dos 15 minutos de qualificação e sai do primeiro lugar da pole position, na sua Honda, à frente da Ducati de Bagnaia e da Pramac Ducati de Jorge Martin, uma espécie de guarda de honra para o nosso Miguel Oliveira, que, repita-se, esteve sensacional.
Marc Márquez, por sua vez, vem de tempos difíceis, tendo mesmo confessado que a sua Honda não é suficientemente forte para tentar atacar o título. Porém, o tempo ontem alcançado é suscetível de poder vir a dizer o contrário: saltou do Q1, com segurança, para depois bater o recorde da pista e conquistar a sua primeira pole desde o Grande Prémio do Japão do ano passado.