"Vim para Portugal com a minha avó para acabar a escola"

Rui Fortes, 28 anos, um dos capitães de equipa, dá conta de uma época acima das expectativas. A permanência é o objetivo, mas o play-off está também na mira. Aos 15 anos, o cabo-verdiano chegou a Portugal com a avó para perseguir o grande sonho de ser jogador de futebol. No entanto, foi no futsal que construiu uma carreira de sucesso.

A história de Rui Fortes poderia muito bem não ser esta, não fosse a sua avó e o grande sonho de vingar no futebol. Aos 15 anos, o cabo-verdiano deixou o seu país e veio para Portugal com o intuito de terminar os estudos e tentar a sorte nos relvados. Em perspetiva, esta podia parecer uma história feliz.

"Vim para Portugal com a minha avó para acabar a escola e tentar a minha sorte no futebol. Os primeiros tempos não correram bem, pois perdi a minha mãe, tive dificuldades na questão da documentação e nenhum clube me dava a mão. Certo dia, num jogo de amigos, recebi um convite do Piedense, um clube de futsal, e decidi ir experimentar. Ajudaram-me em tudo, mas estive um ano sem jogar oficialmente devido à documentação. Só treinava. Foi difícil, mas nunca desisti", conta o ala de 28 anos.

Fortes veste a camisola do Ferreira do Zêzere há quatro épocas, é um dos capitães e tem o seu nome gravado na história do emblema ferreirense. Esta é uma primeira metade de época acima das expectativas, frisa o cabo-verdiano.

"Tem sido uma temporada acima do esperado. Fizemos uma primeira volta de alta qualidade e temos feito o nosso caminho, jogo a jogo. Queremos assegurar a manutenção o mais rápido possível, mas de olhos postos no play-off", admite o ala, indicando os principais trunfos para o sucesso do grupo: "Somos muito intensos, ofensivamente e defensivamente. Temos uma boa organização na quadra e a qualidade dos treinos faz a diferença. E, claro, os nossos adeptos ajudam-nos muito nesta caminhada."

Em época de estreia no escalão máximo português, o ala destaca a velocidade de jogo e o equilíbrio na quadra. "A Liga Placard é mais rápida e muito mais intensa. Há muita competitividade e muito equilíbrio, e claro, a qualidade dos atletas é abismal", remata.

Lesão grave na pré-época

Fortes tem estado em bom plano esta temporada, somando seis golos em 13 jogos, mas na pré-época o azar bateu-lhe à porta na forma de uma lesão grave. "Praticamente não tive pré-época. Fui buscar forças a tudo o que amo e o clube ajudou-me bastante. Felizmente, superei a lesão e tenho estado bem. Quero continuar a ajudar o Ferreira do Zêzere com golos e assistências", conta o cabo-verdiano a O JOGO.

Inspirado por Pany Varela

O dorsal sete do Ferreira do Zêzere vê Pany Varela como o exemplo a seguir e até já teve oportunidade de lhe transmitir isso. "Em primeiro lugar, porque nasceu em Cabo Verde. Sei das dificuldades que teve e do percurso dele. Dentro da quadra é uma maravilha, é um vencedor. Já tive a oportunidade de falar com ele e dizer-lhe que é o meu grande ídolo no futsal", conta Fortes.

Sem qualquer problema em assumir os sonhos, o ala revela que pretende chegar a um clube grande em Portugal e fala acerca do futsal em Cabo Verde.

"Espero continuar a jogar futsal por muitos mais anos e vestir a camisola de um grande clube, tal como experimentar a liga espanhola. Quero também deixar uma palavra à Federação de Cabo Verde, pois gostava que apostasse mais no futsal do país e criasse a seleção nacional. Temos muitos jogadores de qualidade, tanto lá como aqui, e muitos sonham em vestir a camisola do país e defender as cores de Cabo Verde. Eu sonho com isso. Seria um grande passo para o desporto e para o nosso futsal, tal como para todos os cabo-verdianos", conclui o futsalista.