Mais um dia importante para Almeida no Giro: lição Stelvio para atacar Passo Giau
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Ciclista português sabe que a etapa é boa para ataques e que os favoritos irão fazer de tudo para selecionarem a corrida.
João Almeida entra esta sexta-feira na etapa 19 ciente de que chegou o dia para os trepadores no Giro. São 5423 metros de desnível acumulado em 183 km, com cinco contagens de montanha, pelo que os segundos que separam os candidatos podem tornar-se minutos.
Um pouco à imagem do Giro"2020, quando Almeida perdeu a camisola rosa no Passo dello Stelvio, o Passo Giau pode permitir que vários favoritos ataquem e selecionem a corrida a 50 quilómetros do final, pois desde essa subida não há nem mais um metro plano. Mais maduro, na quarta Volta a Itália da carreira, o líder da UAE Emirates reconheceu este pico montanhoso dos Dolomitas, que tem 9,3% de inclinação média e quase dez quilómetros. Foi lá que Egan Bernal, da Ineos, encaminhou a vitória da prova em 2021, mas porque ganhou espaço na subida e geriu na descida até à meta na Cortina d"Ampezzo. Nessa altura, Almeida esteve com os melhores, foi sexto e terá agora o objetivo de repetir o feito.
Desta vez, a chegada à cidade que fica no meio de vales não dará o prémio de vitória. Cortina, espaço dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, está perto da fronteira com a Áustria e recebe, todos os fins de semana, turistas que desafiam as pernas. Porque dói mesmo fazer este percurso de bicicleta. É ao virarem à esquerda, para o Passo Tre Croci, que os ciclistas voltam a subir, com pendentes médias de 8% que servem para endurecer ainda mais a tirada, já que os ciclistas dão depois uma nova volta pelos íngremes picos italianos para chegarem a Tre Cime di Lavaredo, local de culto para o campismo e sempre repleto de pessoas para ver os heróis.
Último vencedor em Tre Cime ganhou o Giro
Tre Cime di Lavaredo tem proporcionado batalhas épicas no ciclismo. Algumas foram adiadas devido ao mau tempo, como em 1967. Não foi possível ver o que se esperava na montanha perto de Udine e Felice Gimondi teria maior conforto para ganhar o primeiro de três Giros, batendo Anquetil e, principalmente, o jovem Eddy Merckx, belga que conquistaria cinco Giros e estabeleceria uma verdadeira batalha eterna com o italiano mais forte da década de 1960.
Desde 2013 que uma etapa do Giro não se conclui em Tre Cime e aí Vincenzo Nibali confirmou uma vitória fabulosa e rematou a Volta a Itália. O Tubarão de Messina, já retirado, ganhou com uma violenta tempestade, neve cerrada, e carimbou a primeira camisola rosa da carreira, com enorme avanço para Urán, na altura na Sky. Foi o primeiro a ganhar em Tre Cime e a levar o troféu da geral individual para casa.
No ano seguinte, o líder da Astana iria ao Tour para concluir a demanda de ganhar as três Grandes Voltas. Em 2007 foi Riccò, da Saunier Duval, a vencer a partir da fuga, mas Danilo Di Luca atacaria para tirar 40 segundos aos rivais. As pendentes íngremes ajudaram o homem da Liquigas a ampliar o avanço para Andy Schleck, da CSC, vencendo esse Giro com 1m55s de avanço. Em 1989, Luis Alberto Herrera ganhou, mas Laurent Fignon foi segundo na subida e aumentou a candidatura à rosa, que viria mesmo a conquistar, de resto, a única da carreira. Em 1970, José Manuel Fuente ganhou a tirada, mas Merckx defendeu-se, no quarto posto, para manter a rota para o segundo Giro da carreira.