"Já são 300 e tal quilómetros a puxar. É até não podermos mais"
Fábio Costa tem 23 anos e Afonso Eulálio só 20, mas são os que mais tempo lideram o pelotão. O camisola amarela agradece-lhes sempre.
Fábio Costa tem 23 anos, é de Ermesinde, mas vive na Trofa. Internacional português, já foi campeão nacional de sub-23 e 20.º no último Mundial do escalão, alinhando nos Jogos do Mediterrâneo pela seleção principal. Está na sua segunda Volta. Afonso Eulálio tem 20 anos e estreia-se na Volta, tendo rendido Luís Mendonça, que foi deixado de fora depois de uma visita da PJ (que não encontrou produtos proibidos). É um trepador da Figueira da Foz e está a viver uma época em cheio, tendo sido campeão de sub-23, depois de, na época passada, receber o prémio de melhor jovem no GP O JOGO. Este ano, quem vê a Volta descobre-os depressa: normalmente vão na frente do pelotão, pois a Glassdrive-Q8-Anicolor tem-nos como primeiros homens para puxar, na defesa da amarela de Mauricio Moreira.
"Todos tínhamos de estar preparados, pois sabíamos ter um objetivo, vencer a Volta com o Mauricio. O trabalho tem sido para nós, com o Afonso a substituir o Luís Mendonça e a cumprir de forma excecional. A primeira missão era proteger o mais possível a equipa até ao dia da Torre; a partir de agora são etapas mais complicadas, pois quem perdeu tempo vai querer recuperar", conta Fábio Costa, com Eulálio a admitir que "ao ser chamado de repente não esperava estar a este nível, tem corrido bem".
Sendo uma dupla jovem, o trabalho na frente do pelotão vai-se repartindo em função dos momentos. "No início das etapas tentamos deixar sair uma fuga que nos seja favorável - nem com muitos elementos, nem com mais do que um de cada equipa -, para que seja mais fácil controlar a vantagem deles. Nem sempre é fácil. Vamo-nos revezando, até por nem sempre estamos os dois fortes. Na etapa para a Torre eu não ia tão bem e o Afonso foi excecional", conta Fábio Costa. E Eulálio completa: "Deixamos que a fuga tenha uns três minutos, para que seja fácil anular no final . O nosso trabalho é até não podermos mais... Aí fica para os outros colegas. Nós é que dizemos que já chega. Esta etapa, por exemplo, era diferente, que havia outras equipas a querer uma chegada em pelotão, não ficando tanta responsabilidade para nós".
Se ontem, segunda-feira, os Glassdrive-Q8 tiveram uma "folga", Costa e Eulálio já totalizam "300 e muitos quilómetros a puxar". "São mais de 1500 na Volta. Esperemos não ter de puxar uns 1000... Só queremos que isto vá a nosso favor até Gaia", diz o segundo.