Vettel é apaixonado por ciclismo e inveja entregadores: "Sempre achei fascinante"
Admirador do compatriota Ullrich e do rival Armstrong, o piloto treina na bicicleta estática para o desporto de resistência que é a F1. As corridas virtuais, diz, são um perigo devido ao seu lado competitivo! A bicicleta é mais do que um meio para o alemão se preparar fisicamente: é uma paixão e, quem sabe, futuro emprego...
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Ver Sebastian Vettel chegar a um circuito de Fórmula 1 de bicicleta não é novidade. O alemão, tetracampeão mundial da máxima disciplina do automobilismo entre 2010 e 2013, é um apaixonado pelas duas rodas e precursor da atual "moda" seguida por muitos pilotos de irem a pedalar para as pistas.
"Ir de bicicleta para o circuito não é para treinar mais um pouco, para mim é muito mais agradável do que estar sentado num carro no meio do trânsito. A maioria das corridas tem lugar em cidades grandes e se demorar 20 minutos de carro no meio do trânsito ou 20 minutos de bicicleta, escolherei a bicicleta um milhão de vezes", revelou o piloto da Aston Martin, numa entrevista à "Cycling Weekly".
Nessa conversa com a publicação, Vettel deu conta da admiração que sempre teve por Jan Ullrich, vencedor de uma Volta a França e duas a Espanha, entre outras conquistas, e a rivalidade com Lance Armstrong, o proscrito do ciclismo depois de ter confessado o recurso sistemático ao doping. Para Vettel, porém, aquilo que sempre o impressionou foram os valores da potência desenvolvida por aqueles atletas.
"Jan Ullrich era enorme na Alemanha e a sua rivalidade com Armstrong uma grande inspiração", lembrou. Como muitos desportistas de topo, também Vettel recorre à bicicleta estática na sua preparação física e confessa ter tentado imitar os ídolos do ciclismo, testando os limites. "Penso ter aguentado apenas um minuto ou minuto e meio a 500 watts [de potência]. O meu respeito por aquilo que conseguem fazer é enorme", disse, impressionado com o nível de esforço que os melhores ciclistas profissionais conseguem manter durante vários minutos.
No caso do piloto da Aston Martin, a base da preparação física é feita com a bicicleta nos rolos, efetuando treino intervalado. "Pilotar um carro de F1 é um desporto de resistência, desde muito novo que sigo um regime semelhante ao que faço agora, que é trabalhar em intervalos para melhorar a minha forma".
A um aquecimento no patamar 100-200 watts, seguem-se depois séries entre os 200 e 400 watts. Mas Vettel está consciente do perigo que espreita, fruto das tecnologias atuais capazes de colocar ciclistas a competirem uns com os outros mesmo estando no conforto das respetivas casas - aplicações que simulam corridas reais através da ligação aos rolos de treino.
"Nunca experimentei nenhuma dessas aplicações, como a Zwift ou Sufferfest", contou Vettel, justificando: "Sou muito competitivo e acho que se me envolver nisso vou acabar por esquecer por que estou a treinar, que não é para ser o mais rápido nestas apps mas sim estar em boa forma para pilotar um Fórmula1!"
A utilização profissional não retira, porém, ao piloto alemão a perspetiva do prazer na utilização da bicicleta. "A sensação de realização pessoal que se obtém no ciclismo é uma recompensa enorme, chegar ao topo de uma montanha é do melhor que há".
E o prazer de pedalar é tanto que deixou uma revelação no mínimo inusitada para alguém que deve ter as finanças pessoais mais do que resolvidas: "Sempre achei fascinante fazer entregas de bicicleta, sempre quis fazer isso, a emoção de pedalar a fundo numa cidade movimentada é algo que adoro e gostaria realmente de fazer. Sinto inveja desses tipos!"