Toque no Mercedes de Russell deixou tetracampeão a um ponto de ser suspenso uma corrida. Por norma pouco falados, os pontos da Super Licença ganharam importância por o piloto da Red Bull atingir a sexta penalização num ano e ser suspenso se voltar a transgredir este mês. Castigo não será inédito.
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De um possível pódio, Max Verstappen desceu a quinto no final intenso do Grande Prémio de Espanha, para ser relegado a décimo por uma penalização de dez segundos, devido a um toque premeditado no Mercedes de George Russell, ao qual tinha de devolver a posição devido a outra manobra errada, quando foi ultrapassado pelo Ferrari de Charles Leclerc. A telemetria não deixou dúvidas, revelando uma aceleração súbita do Red Bull para originar o choque, e à penalização da corrida somou-se outra, três pontos na Super Licença para conduzir na Fórmula 1. O tetracampeão mundial passou a somar 11 e nova transgressão irá deixá-lo uma corrida sem “carta”, tendo de ser substituído.
Agressivo como todos os campeões, o neerlandês tem-se excedido desde que a McLaren passou a ser mais competitiva do que a Red Bull e a de domingo foi a sua sexta manobra penalizada no espaço de um ano. “Esperar pelo adversário para lhe bater é inaceitável. A regra deveria ser a da bandeira negra”, alegou Nico Rosberg, campeão em 2016, aos microfones da Sky, pedindo a desclassificação de Verstappen.
O sistema de pontos da F1, algo semelhante ao das cartas de condução, foi criado em 2014 e até agora só gerou uma suspensão, a de Kevin Magnussen – atual piloto da BMW no Mundial de Resistência – no GP do Azerbaijão do ano passado. Como os pontos expiram após um ano, a maioria dos pilotos consegue gerir as transgressões – há 12 com pontos descontados – e mesmo Verstappen poderá fazê-lo, pois dois deles perdem a validade dia 30. O piloto da Red Bull só precisará de ter cuidado no Canadá (dia 15) e na Áustria (29).
Reagindo mal em Barcelona, perante os protestos de Russell – “Vou dar-lhe um lenço” –, Max Verstappen assumiu ontem as culpas, numa publicação do seu Instagram. “Tínhamos uma estratégia entusiasmante e uma boa corrida em Barcelona até à entrada do safety car. A nossa escolha de pneus e algumas manobras após o recomeço alimentaram a minha frustração, levando a uma manobra que não foi correta e não devia ter acontecido. Dou sempre tudo pela equipa e as emoções ficam à flor da pele”, escreveu. O mea culpa, no entanto, não lhe devolverá os pontos.
Seis infrações e três “vítimas”
Com seis infrações desde 30 de junho do ano passado, Verstappen tem três “vítimas”: bateu em Norris (Áustria) e forçou-o a sair da pista (México), acelerou com o safety car para passar Piastri (Brasil), a quem bateu em Abu Dhabi, e travou na qualificação do Catar prejudicando Russell, a quem bateu em Espanha. Além dos pontos, o piloto da Red Bull totalizou 55 segundos e um lugar na grelha em castigos.