A primeira etapa da Volta a França foi marcada por incidentes, um dos quais verdadeiramente invulgar. Alheio a isso tudo, Marcel Kittel conquistou a glória
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O dia mais importante da vida do ciclista alemão Marcel Kittel, primeiro camisola amarela da 100ª Volta a França, foi possível devido a uma estranha aliança entre um autocarro encalhado e uma queda que arrastou Rui Costa. O ciclista português da Movistar foi um dos afetados por uma queda nos últimos quilómetros da primeira etapa, que afastou a maioria dos homens mais rápidos do sprint final, conquistado por Marcel Kittel, na frente do norueguês Alexander Kristoff (Katusha) e do holandês Danny Van Poppel (Vacansoleil).
O alemão da Argos aproveitou o caos provocado pela incerteza quanto ao local da meta -- um autocarro "preso" na estrutura metálica da meta pôs em causa a chegada a Bastia e, momentaneamente, levou a organização a antecipar em três quilómetros o final da etapa -- para viver o maior dia da sua vida.
"Estou a pensar em toda a gente que me ajudou a conseguir isto. É um sonho tornado realidade, ainda estou a tremer. É um dia importante, porque é a minha primeira vitória no Tour, porque estou de amarelo e porque é o primeiro triunfo da equipa", confessou o corredor, que cumpriu os 213 quilómetros entre Porto-Vecchio e Bastia em 4:56.52 horas.
Com vitórias em todas as provas por etapas em que participou este ano, o jovem de 25 anos junta o festejo do Tour ao da sétima etapa da Vuelta 2011, naquele que é o seu pecúlio até ao momento nas grandes voltas. "Este triunfo mostra que um corredor limpo pode ganhar uma etapa do Tour. A equipa está montada nesse espírito, o que dá ainda mais significado a esta vitória", defendeu.
Para a estreia na Córsega, a organização do Tour desenhou uma etapa quase 100 por cento plana -- exceção feita à contagem de quarta categoria que deu a liderança da montanha a Juan José Lobato -, ideal para uma longa fuga antes do sprint final.
Foram precisos apenas oito quilómetros para que Jerome Cousin (Europcar) acelerasse e levasse na roda Lobato (Euskaltel-Euskadi), Lars Boom (Blanco), Juan Antonio Flecha (Vacansoleil) e Cyril Lemoine (Sojasun), um quinteto que se manteria sempre na mira da Omega Pharma-Quickstep, apostada em cumprir o sonho amarelo do seu líder Mark Cavendish.
Com os fugitivos misturados com o grupo a 37 quilómetros da meta, as equipas dos sprinters adotaram um ritmo de passeio, inusual na reta final do percurso, mas explicado pouco depois pela presença de um autocarro da Orica-GreenEdge na linha de meta.
A viatura, encalhada na estrutura da meta, quase obrigou a que a etapa fosse encurtada em três quilómetros, mas um esforço no último momento, que incluiu a destruição do sistema de photo finish, permitiu que o sprint fosse disputado onde estava previsto. A incerteza e informação contraditórias pareceram distrair o pelotão, com uma queda a deixar cortados grande parte dos homens rápidos, como Cavendish ou o eslovaco Peter Sagan (Cannondale) e candidatos à geral como Alberto Contador (Saxo-Tinkoff), que caiu, tal como o português Rui Costa (Movistar).
Apesar de a queda ter acontecido a mais de três quilómetros da meta, a organização, devido ao episódio insólito, decidiu atribuir o mesmo tempo a todos os ciclistas, pelo que na classificação geral não há diferenças.