"Um triunfo na Volta a França é extraordinário, mas no Mont Ventoux é outra coisa"
O Mont Ventoux testemunhou esta segunda-feira a primeira vitória francesa na 112.ª Volta a França em bicicleta, com Valentin Paret-Peintre a impor-se na 16.ª etapa que acabou com um empate técnico entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard
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Quer o camisola amarela, quer o dinamarquês da Visma-Lease a Bike – que caiu após a meta, ao chocar com um fotógrafo – atacaram para distanciar o seu arquirrival, mas coroaram o Mont Ventoux separados apenas por dois segundos, depois de Pogacar acelerar nos metros finais.
Foi também ao sprint que Valentin Paret-Peintre, de 24 anos, se estreou a vencer no Tour, com o francês a bater em velocidade Ben Healy (EF Education-EasyPost) numa das mais emblemáticas subidas da Grande Boucle, onde chegaram na companhia de Santiago Buitrago (Bahrain Victorious), terceiro a quatro segundos.
“Não consigo acreditar. Um triunfo na Volta a França é extraordinário, mas no Mont Ventoux é outra coisa. Era isso que me estava a dizer no final. O Ben Healy estava muito forte, mas repetia para mim mesmo que estava a lutar para vencer no Ventoux. Nos últimos 100 metros, sofri muito para ultrapassá-lo, mas dizia-me ‘tens de o fazer, não podes desistir’”, revelou o ciclista da Soudal Quick-Step, que no ano passado conquistou uma tirada no Giro.
O público local pode, finalmente, respirar de alívio uma vez que já tem a sua vitória, consumada por Paret-Peintre em 04:03.19 horas, após ‘Pogi’ ter parecido abdicar de discutir a etapa, chegando 43 segundos depois do vencedor.
O esloveno da UAE Emirates tem agora Vingegaard a 04.15 minutos, com Florian Lipowitz (Red Bull-BORA-hansgrohe) mais distante no terceiro lugar, já a 09.03.
Os 171,5 quilómetros da 16.ª etapa, iniciada em Montpellier, começaram com um ataque de Wout van Aert (Visma-Lease a Bike), o homem que venceu a etapa na última vez que o pelotão do Tour escalou (duplamente) o Ventoux, em 2021 – mas a última chegada em alto remontava já a 2013.
Seria o primeiro de muitos anulados pela UAE Emirates, mais concretamente pelo polícia Nils Politt, que apenas permitiu que Marco Haller e Marc Hirschi (Tudor) e Xandro Meurisse (Alpecin-Deceuninck) ganhassem perto de dois minutos, antes de serem alcançados ainda a 100 quilómetros da meta.
O trio foi rapidamente substituído na frente por mais de 30 corredores, como Paret-Peintre, Healy, Buitrago, Enric Mas (Movistar), Julian Alaphilippe (Tudor), os companheiros do camisola amarela Pavel Sivakov e Marc Soler ou os já vencedores de etapa Thymen Arensman (INEOS) e Jonas Abrahamsen (Uno-X).
Os dois aliar-se-iam a Mas, Alaphilippe e o seu colega Matteo Trentin, Fred Wright (Bahrain Victorious) e Simone Velasco (XDS Astana), deixando para trás os seus companheiros de jornada e conquistando uma vantagem de quase dois minutos para os perseguidores e superior a seis para o pelotão.
Pouco depois de os 15,7 quilómetros de ascensão ao lunar porto começarem, o líder da Movistar isolou-se, numa tentativa de se redimir de mais um Tour falhado, enquanto, no grupo do camisola amarela, era a Visma-Lease a Bike a impor o ritmo, antecipando um ataque de Vingegaard.
Pogi respondeu sentado ao campeão de 2022 e 2023, que foi sendo ajudado pelos companheiros que descaíam da fuga, ao mesmo tempo que Primoz Roglic auxiliava Lipowitz, que travou um interessante duelo com Oscar Onley (Picnic PostNL) pelo terceiro lugar, com vantagem para o alemão – ganhou mais 36 segundos ao britânico, quarto a 11.04.
Vindos de trás, Healy e Paret-Peintre apanharam Mas a menos de quatro quilómetros do topo do Mont Ventoux e deixaram-no, antes do corredor da Soudal Quick-Step acelerar, sem deixar para trás o irlandês, vencedor da sexta etapa e líder da geral durante duas jornadas.
Ambos foram alcançados, primeiro, pelo espanhol e por Buitrago e, depois, por Ilan van Ilder, que ainda trabalhou para o seu colega francês.
Com a discussão da etapa entregue aos fugitivos, o camisola amarela lançou um fulminante ataque a menos de dois quilómetros do alto, com Vingegaard a responder na mesma moeda, sem que nenhum conseguisse fazer a diferença.
Numa jornada em que Nelson Oliveira (Movistar) foi 72.º e desceu uma posição, para o 69.º lugar da geral – está a quase duas horas e meia de Pogacar -, a subida de Primoz Roglic a quinto foi um dos destaques.
Aos 35 anos, o vice-campeão de 2020 voltou a demonstrar que nunca pode ser descartado, destronando o francês Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels) e aproximando-se de Onley. Também Healy trocou de posições com Carlos Rodríguez (INEOS) e é nono.
Na quarta-feira, os sprinters terão a sua última oportunidade no final dos 160,4 quilómetros entre Bollène e Valence.