João Ferreira é apontado como um dos mais promissores pilotos de todo o terreno e, amanhã, quando iniciar a 46.ª edição do Rali Dakar, só espera acabar na liderança
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Aos 24 anos e, tendo uma longa carreira pela frente, o piloto de Leiria está ciente do seu valor e da enorme experiência do navegador Filipe Palmeiro. A sua meta, na Arábia Saudita, é ganhar a categoria SSV, onde alinha com o número 400, sendo um dos favoritos.
À segunda presença já tem a ambição máxima?
-Estamos neste Dakar para lutar pela vitória. Não o podíamos fazer de outra maneira, é e será sempre assim que nos apresentamos, sabendo que temos pela frente a corrida mais difícil do mundo e adversários tão bons ou melhores do que nós. Temos de ser muito pragmáticos e inteligentes, trabalhando arduamente para chegar a esse objetivo.
Já fez o shakedown. Que ilações tira?
-Depois da vitória nas corridas de Marrocos e do Dubai, fizemos alguns quilómetros em Portugal em formato de teste. Aqui consolidámos esse trabalho nos cerca de 40 km do shakedown e estou confortável com o compromisso que encontrámos.
Está tudo a postos?
-Há um dia para dar os últimos retoques e arrancar em força no prólogo de quinta-feira.
Este Can-Am T4 que está a pilotar é muito diferente do Yamaha T3 do ano passado?
-O carro tem menos velocidade de ponta, estamos limitados por regulamento aos 125 km/h, enquanto na categoria Challenger [antigo T3], são 135 km/h. Este carro é, teoricamente, mais frágil, por ter mais peças de origem. A concorrência está muito forte e para nós será tudo novo, a equipa e a categoria. Vamos dar o nosso melhor para alcançar o objetivo.
Satisfeito, também, com a nova equipa?
-A South Racing tem dominado ambas as categorias, portanto acho que temos todas as condições para fazermos um bom Dakar.
Os méritos do mestre Palmeiro
Foi com o Mini JCW, da categoria T1, que João Ferreira se sagrou campeão português e europeu, tendo estendido para o SSV a parceria com Filipe Palmeiro, o navegador que, aos 46 anos, vai para o 20.º Dakar. Na nova categoria têm ambos uma experiência mais reduzida.
Nunca pensou ter um co-piloto rotinado nos SSV?
-Eu e o Filipe Palmeiro fizemos um ano de corridas com o intuito sermos melhores e mais rápidos num conjunto de situações. Esperamos agora tirar proveito desse trabalho.
Ele é uma mais-valia para manter?
-Sem dúvida. O Filipe é um dos navegadores portugueses com maior número de presenças no Rali Dakar e, por isso, sinto um conforto muito grande com ele dentro do carro. Conhece a prova como ninguém e isso vai notar-se nas situações desconfortáveis que vão aparecer, de certeza, durante os próximos dias. Nenhum Dakar é perfeito e ter uma pessoa com vasta experiência, como é o caso do Filipe, será uma grande ajuda para mim.
“Arábia tem todas as condições”
João Ferreira nunca sentiu as emoções do Dakar em África ou na América do Sul, mas não desgosta da Arábia.
A Arábia Saudita é o melhor local para a realização de um Dakar?
-Nunca o experienciei em outras regiões geográficas, mas, de facto, a Arábia Saudita tem as condições todas, tem um pouco de tudo. Temos muita areia, muita pedra, falta-nos se calhar um bocadinho de altitude, como existia na América do Sul, mas acho que agora e, na véspera do arranque do quinto Dakar que se realiza na Arábia Saudita, foi uma boa decisão da organização a mudança para estas paragens.