Trocou o World Tour pela AP Hotels-Tavira: "Equipa é mais pequena, mas mais unida"
Colombiano Jesús David Peña quer provar este domingo que é candidato a ganhar a Volta
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Jesús David Peña é um natural de Zipaquirá que venceu duas vezes a Volta à Colômbia Sub-23, foi sétimo no Giro NextGen e aos 22 anos chegou ao World Tour, pela australiana Jayco AlUla. Ganhou uma etapa na Volta à Eslovénia, foi terceiro na Volta à Áustria, mas não se adaptou e baixou dois escalões, assinando pela AP Hotels-Tavira-Farense.
Aos 25 anos, o colombiano está a redescobrir-se e ganhou uma etapa e foi terceiro na geral da Volta ao Alentejo, segundo no GP das Beiras e repetiu etapa e terceiro da geral no GP de Torres Vedras. É um dos candidatos ao triunfo na Volta a Portugal e hoje, na Senhora da Graça, espera mostrar o que vale, para trocar o semblante habitualmente sério pelo sorriso que quase só os colegas lhe veem.
Talento colombiano chegou à australiana Jayco como 22 anos, não se adaptou e aceitou correr uma equipa de terceira divisão. “O Tavira é mais pequeno, mas mais unido. Aqui corro sem stress”, diz.
É conhecido como Jesús ou David?
—Uso sempre ambos.
Estava numa equipa australiana de World Tour e passou para uma portuguesa da terceira divisão mundial. Porquê?
—Primeiro tive covid. A seguir veio uma lesão que me deixou quase meio ano parado. Por fim, não me adaptei, não me sentia bem. E o manager também não melhorou isso, não havia boa comunicação. Tive de procurar equipa no final da temporada passada e foi muito difícil, fecharam-me muitas portas na cara. Estive perto de voltar a correr na Colômbia, o que não queria. Finalmente apareceu o Tavira, a dar-me uma oportunidade para continuar na Europa. Era a opção certa.
Conhecia algo de Portugal?
—Nada. Só conhecia o Ivo e o Rui Oliveira.
Está a gostar?
—Muito, mesmo. Sempre me disseram que os portugueses são abertos, ótimas pessoas e que se viesse para cá me iria divertir. Somos todos latinos, por isso damo-nos bem. Corro com menos stress, sinto-me tranquilo, por isso estou a desfrutar.
Não foi problema trocar uma equipa de World Tour por outra pequena?
—Esta equipa é mais pequena, mas é mais unida, sinto-me em família. Rimo-nos muito, há um ambiente excelente. Os meus colegas são muito boas pessoas. A maioria é da mesma idade e o mais velho, o Campos, tem 27 anos. O Guilherme é o mais jovem, com 19. Somos todos muito próximos.
A Volta a Portugal é diferente das outras corridas que fez por cá?
—Totalmente. É uma corrida grande, com muitos adeptos, bom ambiente. Também há calor e mais pressão, mas com isso lido bem. Há maior cobertura da Comunicação Social, estou a gostar.
Está aqui para ganhar?
—Vamos ver. Se conseguir, melhor; se não conseguir, não será muito grave.
Na equipa não lhe colocam pressão?
—Nenhuma.
Está a pensar, depois desta experiência, voltar ao World Tour?
—É a ideia, mas está difícil. No final deste ano encerra o ciclo de três em que a União Ciclista Internacional decide as subidas e descidas de divisão e várias equipas estão a deixar gente de fora. Está complicado até para os que estão no World Tour, portanto não sei.
Significa que pode continuar por cá?
—Não me parece, que já tenho algumas ofertas. Veremos o que acontece depois da Volta a Portugal.
Vem aí a Senhora da Graça, primeira grande etapa de montanha. Já a conhece?
—Não, só vi a altimetria. Mas também anotei que há uma subida dura, com uns dez quilómetros a 7% de inclinação, que vai fazer danos antes de lá chegarmos.
Que lhe agrada mais: uma subida de sete quilómetros como a da Senhora da Graça ou uma de 20 como a da Serra da Estrela?
—Não sei, dou-me bem em ambas.
É um trepador puro?
—Diria que só os contrarrelógios me custam mais.