Renato Teixeira e Marlene Santos foram os mais fortes da edição de estreia dos Trilhos da Cividade, em Bagunte, Vila do Conde
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O tiro de partida coloca o relógio oficial em marcha, mas no estranho caso dos Trilhos da Cividade, realizado ontem em Bagunte, Vila do Conde, a marcha do tempo fez-se para trás, levando o pelotão numa viagem à Idade do Ferro. As leis da física – impossíveis de quebrar, apregoam os cientistas de bata branca e sapato acetinado – foram torneadas de forma inventiva pela organização da prova, levando os cerca de 550 participantes “ensapatilhados”, pelos trilhos muito bem marcados da corrida de 18 quilómetros e a caminhada de 10. O truque de fazer andar os ponteiros para trás – o sonho de qualquer corredor com vestígios de ambição – fez-se acontecer na Cividade de Bagunte, um povoado castrejo, da Idade do Ferro, muito bem reavivado pelo grupo de teatro e dança da Associação Cultural Recreativa e Social de Bagunte “Os Restauradores”. Trajados a rigor, os habitantes de ocasião deste monumento nacional incitaram os corredores viajantes-do-tempo com um brandir enérgico de espadas e escudos, ou com a oferenda de fruta. A esta curiosa componente dramática junta-se o interesse de outros pontos ao longo do percurso, como a passagem pelas ruínas da Quinta de Cavaleiros, residência da então adolescente e futura destacada escritora Agustina Bessa-Luís (1922/2019), ou da Capela Nossa Senhora das Neves, local do primeiro local de abastecimento da prova.
Mas porquê criar um trail numa zona onde nunca o houve? A festa do trail é pagã, mas está ao serviço da causa religiosa: angariar fundos para uma grande festa a acontecer em meados de maio, como explica Paulo Araújo, um dos responsáveis da organização do trail e membro da Comissão de Festas: “Queremos angariar fundos para a festa da Nossa Senhora de Fátima, mas acima de tudo, quisemos dinamizar a vida da freguesia e dar a conhecer o vasto património arqueológico e paisagístico da nossa região.” Paulo não diz que a inspiração foi divina: “A ideia foi de um colega nosso, gostamos e decidimos avançar. Estamos a receber feedback muito positivo dos atletas, público e patrocinadores e temos a pretensão de organizar mais edições.”, rematou.
No final, a sande de porco e a bebida estão incluídas na experiência o que só vem dar mais um pouco de força à expectativa de regressar. Igual sentimento terá tido Marlene Santos, da Fisioactive Team, vencedora da geral feminina. Desceu do pódio com o troféu na mão, chegou ao nosso nível e explicou com a humildade dos campeões: “Só me apercebi que seguia em primeiro a dois quilómetros do fim, quando ouvi o telefonema de um elemento do staff para a organização. Este evento é a prova de que com pouco se faz muito. Foi muito bem organizado, os trilhos são lindíssimos, muito bem marcados e com uma animação e convívio excepcional”, sublinhou. Entretanto, no setor masculino, Renato Teixeira (Afipre Team), demorou 01:13:26, a correr os 18 quilómetros (com 600 metros de desnível positivo), tendo cavado uma diferença de 2m24s sobre Óscar Mendes (Águias de Alvelos).
Créditos das fotos: Fotovila
Classificações
Geral masculinos
1.º Renato Teixeira (Afipre Team) 01h13m26s
2.º Óscar Mendes (Águias de Alvelos) 01h15m50s
3.º Nuno Costa (Lobos do Monte Run) 01h19m09s
Femininos
1.ª Marlene Santos (Fisioactive Team) 01h29m46s
2.ª Fátima Buchas (individual) 01h36m55s
3.ª Carla (Adosa-Os Santa Apolónia) 01h42m18s