Triatleta ucraniano descreve dia a dia em Zaporijia: "As sirenes estão sempre a tocar, mísseis a cair"
Kurochkin, que estava a estagiar na Turquia aquando do início da invasão russa, quer "tentar pôr os sentimentos de lado" assim que, no sábado, entrar na água, no primeiro setor da prova de triatlo, reconhecendo que vai ser complicado.
Corpo do artigo
Sergiy Kurochkin, um dos dois triatletas ucranianos inscritos para a Taça da Europa de Quarteira de sábado, vão tentar esquecer o "choque" causado pela ofensiva militar russa na Ucrânia e mostrar que o país deve "seguir em frente".
Kurochkin, que estava a estagiar na Turquia aquando do início da invasão russa, quer "tentar pôr os sentimentos de lado" assim que, no sábado, entrar na água, no primeiro setor da prova de triatlo, reconhecendo que vai ser complicado.
"Quero tentar mostrar a qualidade e os resultados da preparação que fizemos. Sou um atleta profissional, mas sei que, como estou a representar o meu país e o povo ucraniano, será muito difícil", afirmou.
O triatleta de 33 anos é natural de Zaporijia, uma das zonas mais afetadas pelos bombardeamentos da Rússia e onde estão atualmente os pais, que ainda não pensam em sair da Ucrânia.
"Após um mês de bombardeamentos, eles já quase aceitaram a situação como normal. As sirenes estão sempre a tocar, mísseis a cair. Para já, ninguém da minha família quer sair. Queremos defender a nossa terra. Só se a situação piorar, ou ficar impossível de viver, como acontece em Mariupol, é que poderão sair. A minha mãe nasceu em Volnovakha. É uma cidade que, simplesmente, já não existe", contou, emocionado, Sergiy.
14713410
"No dia 24 de fevereiro, estava a treinar na Turquia, integrado num estágio com mais atletas ucranianos. Era um dia normal e, quando recebemos as notícias da invasão, não queríamos acreditar. Tem sido um pesadelo. Com o passar dos dias, e tudo a piorar, ninguém quer acreditar no que se está a passar. Parece um filme", concluiu Sergiy Kurochkin sobre a situação na Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
14712849