Treinador de Diogo Ribeiro após o ouro: "As pessoas começam a sonhar mais e isso pode interferir"
Albertinho, habituado a grandes conquistas internacionais, falou a O JOGO no dia seguinte ao ouro de Diogo Ribeiro. A partir de Doha, técnico relatou como passou o seu pupilo as horas e o dia após o feito histórico, fazendo mira às meias-finais das próximas provas e acalmando expectativas para os Jogos Olímpicos.
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Como líder da seleção brasileira, entre 2004 e 2021, Alberto Silva foi presença assídua nos grandes palcos, com cinco Jogos Olímpicos e quase duas dezenas de idas a Campeonatos do Mundo. No entanto, anteontem, não se conteve ao ver Diogo Ribeiro chegar ao primeiro título planetário da natação portuguesa, nos 50 metros mariposa, festejando efusivamente no Aspire Dome de Doha. “Estava até bem tranquilo, mas, ao perceber que tínhamos conquistado um ouro inédito, extravasei bastante. Já passei por outras ocasiões importantes e cada uma tem a sua particularidade. Ali, foi um momento de muita emoção, por ver o impacto num país inteiro. Foi um dia bastante especial para mim também”, contou a O JOGO.
Consciente de que “era difícil a adrenalina não tomar conta da cabeça e do corpo do Diogo”, o técnico não fixou regras para ontem, dia em que o nadador do Benfica, de apenas 19 anos, almoçou com a mãe e outros familiares. Na noite da histórica conquista, já tinha estado com eles por pouco tempo e também partilhou a medalha com os colegas da Seleção, que quiseram eternizar o momento em fotos. “Pedi para ele não colocar despertador. À hora que o corpo despertasse, seguia a rotina normal. Encontrámo-nos à tarde na piscina, fizemos um treino regenerativo, nada de específico”, relatou Albertinho, como é conhecido.
Hoje, na madrugada portuguesa, Ribeiro atacava a primeira das três provas olímpicas em que está inscrito, os 100 livres. O selecionador espera que o jovem se adapte bem, “para fazer um resultado suficiente que o leve à meia-final da tarde”, querendo dar “um passo de cada vez” para acalmar euforias, sobretudo as relacionadas com Paris’2024. “As pessoas começam a sonhar mais e isso pode interferir. Eu já tinha percebido, mas o Diogo, quando passou à final, contou-me que tinha sido mais difícil em termos de tensão e frio na barriga. Agora parece que a responsabilidade aumentou, isso não tem controlo, mas nós temos de saber o que há para trabalhar ou onde podemos chegar”, defendeu, rematando: “Tenho os meus sonhos e objetivos. Vou ver como está o Diogo depois dessa competição e olhar para o que o resto do mundo fez neste Mundial. Mas com tranquilidade”.