Joana Resende, filha de Carlos Resende - figura ímpar da modalidade em Portugal, agora treinador do FC Gaia - falou em exclusivo para O JOGO sobre a aventura em Paris
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Joana Resende tem apenas 19 anos, feitos a 23 de março, mede 1,75 m, pesa 68 kg, joga a lateral-esquerda e é uma das aquisições do Paris92 para a nova temporada. "Desde nova que sempre disse aos meus pais que o meu sonho era jogar em grandes palcos de andebol. Comecei a ter propostas para vir para o estrangeiro e eles sempre me apoiaram muito, diziam que o que eu decidisse estava bem decidido. Claro que depois há as saudades, mas estamos a uma chamada de distância", explicou a filha mais nova de... Carlos Resende e Cristina. "Eles sempre me disseram que tinha tempo de acabar o curso, até me incentivaram bastante a vir foi fantástico", continuou Joana, que começou a jogar no CALE, de Leça da Palmeira, com apenas nove anos.
E desengane-se quem pensa que foi influência daquele que, no Europeu da Croácia, em 2000, foi eleito o melhor lateral-esquerdo da prova. "Não, não foi, nem sequer me lembro de ver o meu pai jogar. Foi mais o facto de estar sempre presente no mundo do andebol, mas já na fase em que o meu pai era treinador e eu era aquele tipo de filha que nos intervalos e no fim do jogo ia logo a correr brincar com a bola", contou Joana Resende em conversa telefónica com O JOGO.
Voltando à saída para França, após uma época no Benfica - antes tinha feito duas no Colégio de Gaia -, a meia-distância admite: "Foi um bocadinho difícil de tomar a decisão, é difícil escolher entre ir e ficar, mas pensei que era o meu sonho e uma oportunidade fantástica. Como já tinha tido a experiência de estar independente em Lisboa e correu tudo muito bem, foi mais fácil dizer que sim, até costumo dizer que ter estado no Benfica foi um bom passo de preparação para vir para aqui."
E comparações com o pai, uma vez que Carlos Resende foi um lateral-esquerdo de eleição, para muitos considerado o melhor jogador português de sempre, embora nunca tenha aceitado os inúmeros convites que teve para jogar fora do país? "Temos de ver que, para além de serem tempos diferentes, os géneros também são e em Portugal os atletas masculinos podem ser profissionais, mas no feminino isso é muito difícil. Eu, como mulher, para poder jogar de forma profissional, tinha mesmo de vir para o estrangeiro. O meu pai nunca precisou dar esse passo", respondeu, para a seguir atirar de pronto e de forma convicta: "Trabalho para ser melhor e alcançar maiores feitos do que o meu pai."
O pai, Sagosen, Gilberto Duarte e a norueguesa Stine Oftedal
"A certa altura, quando, ainda era juvenil, mas já jogava nas seniores, comecei a ver cada vez mais jogos, mesmo a nível internacional, e comecei a ter os meus ídolos", reconheceu Joana Resende, dizendo que "a Stine Oftedal, uma norueguesa, é uma das jogadoras que admiro mais". Nos homens, falou no pai, "claro", mas sobre os atletas de agora, afirmou: "Gosto muito do Sander Sagosen, jogador do Kiel, ele é excelente e, claramente, dos meus favoritos. Em relação aos portugueses de agora, o Gilberto Duarte (Montpellier, França), sem a menor dúvida. Ainda por cima ele está num campeonato muito bom."
"Sonho jogar a champions"
Ao querer ser melhor e alcançar maiores feitos do que o pai, percebe-se que Joana é uma lutadora. E ela volta a demonstrá-lo. "A minha maior ambição é jogar nos melhores palcos internacionais e nas melhores competições. Estar presente numa Champions é um sonho meu", disse a lateral-esquerda do Paris 92, ela que tem estado ainda em natural fase de adaptação: "Está a correr incrivelmente bem, estou a adorar a cidade, é lindíssima, à segunda semana já me sentia em casa, estou inserida numa equipa em que todas temos as mesmas ambições e objetivos e isso ajuda. Que ambições? Fazer o melhor resultado possível, que será acima do quinto lugar do ano passado, depois estar bem na Taça de França e também nas competições europeias, nas quais iremos jogar a Liga Europeia."
A finalizar, Joana voltou a Carlos Resende. "Continuo a acompanhar o meu pai e só não sou a fã número um porque sei que a minha mãe está primeiro", disse.