
Tony Martin
MANUEL BRUQUE
Paris-Roubaix, prólogo do Tour, e um quinto título mundial de contrarrelógio são os grandes objetivos de um dos principais candidatos a ganhar a Volta ao Algarve em que vê Kwiatkowski como rival
Vencedor de duas edições da "Algarvia", Tony Martin é um dos favoritos ao triunfo da edição que hoje arranca, podendo desempatar com Alberto Contador e Geraint Thomas, caso some um terceiro sucesso. "Não me interessam os recordes ou se posso deixar para trás esses corredores. O importante é ganhar", começou por atirar o alemão, nesta entrevista a O JOGO. "Na Volta a Valência vi que a minha condição física está bem; no Algarve, se não perder tempo nas primeiras etapas e fizer um bom contrarrelógio, posso ganhar à geral", prosseguiu.
O polaco Kwiatkowski, que considera "bom na montanha e no contrarrelógio", é aquele que Martin aponta como um dos seus principais adversários numa corrida que lhe agrada: "Tem sido a minha primeira boa prova do ano, é uma organização familiar, que conheço bem e uma corrida dura, com muito sobe e desce. É preciso chegar em boa forma para se conseguir um bom resultado, por isso considero-a o teste ideal no início de temporada."
"Em 2011, graças ao Sérgio Paulinho percebi que Portugal tinha bons ciclistas"
Fã da Volta ao Algarve e das suas paisagens - "muito verde, muita natureza e montanha" -, o tetracampeão mundial de contrarrelógio já está também rendido aos portugueses com quem convive na equipa Katusha-Alpecin. Sobre o diretor desportivo José Azevedo, destaca a simpatia e o profissionalismo, até por serem ambos pessoas atentas a todos os detalhes, tanto o material, como o vestuário. "Estamos sintonizados", sublinha o germânico, que passou as duas semanas de estágio com Tiago Machado como colega de quarto. "Já o conheço bem", refere, antes de reconhecer que ainda tem de conhecer melhor José Gonçalves.
Houve, no entanto, outro português que o impressionou: "Sérgio Paulinho! Em 2011, estava na RadioShack a trabalhar para o Kloden na Paris-Nice. Eu ganhei a corrida e o Kloden foi segundo, mas o Paulinho perseguia toda a gente sozinho. Nesse dia percebi que Portugal tinha ciclistas muito bons!"
Tony Martin estreou-se a ganhar pela Katusha na segunda etapa da Volta a Valência
O "Panzerwagen", alcunha de que confessa gostar por ter a ver com a sua fisionomia e por lhe ter sido posta por uma pessoa que considera especial, o seu antigo diretor desportivo Brian Holm, diz que um bom contrarrelogista precisa da combinação de vários fatores: "Primeiro, é uma questão genética, de ter o corpo adequado, depois, há a questão da intensidade de treino, mas penso que o mais importante é mesmo a força mental. Uma cabeça forte é o principal fator para se ser bom contrarrelogista, estar disposto a sofrer sozinho muitas horas, sem nunca questionar porquê..."
Para esta época, os objetivos de Tony Martin estão bem definidos: "As clássicas de "pavé", o prólogo da Volta a França e um novo título mundial de contrarrelógio". Mas é mesmo a Paris-Roubaix que tem sublinhado como primeiro grande alvo, depois de, como diz, ter aprendido os segredos do "inferno do Norte" ao lado de especialistas como Boonen, Stybar e Terpstra. Quanto a um quinto título mundial no "crono", que deixaria Cancellara para trás, talvez não seja para este ano. "O percurso de Bergen é muito montanhoso e, pelo que vi, muito duro. Talvez outro ano, mas primeiro vamos pensar nos objetivos de 2017", reforça.
