Tom Daley revela avisos antes de se assumir gay: "Vais ficar sem patrocínios"
Campeão olímpico de salto sincronizado pelo Reino Unido revelou alguns avisos que recebeu por parte de representantes antes de se assumir publicamente como homossexual, em 2013
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Tom Daley, que venceu cinco medalhas olímpicas de salto de plataforma pelo Reino Unido, incluindo uma de ouro nos Jogos Tóquio'2020, e que se retirou em 2024, revelou que foi aconselhado por agentes a não revelar publicamente a sua homossexualidade durante a sua carreira, sob pena de perder todos os “patrocínios e fãs”.
No âmbito do documentário “Tom Daley: 1.6 Seconds”, o ex-saltador de 31 anos, que é casado desde 2017 com o produtor de cinema Dustin Lance Black, começou por dizer como nasceu esta relação amorosa, cerca de cinco anos antes.
“Eu estava num ponto realmente baixo nos meus saltos, pensava que não ia conseguir continuar, não via o sentido disso. Ao conhecer o Dustin, ele inspirou-me a continuar e a ser bom naquilo que faço. Ele inspirou-me a ser a melhor pessoa que posso ser. Foi muito especial, porque penso que foi a primeira vez em que percebi que ser atraído por homens não é apenas algo sexual e que era possível realmente apaixonar-me por um homem”, explicou.
No entanto, os representantes de Daley não ficaram contentes com esta relação, avisando o atleta das supostas consequências de “sair do armário”, algo que acabaria por fazer de qualquer forma, através de um vídeo no Youtube.
“Lembro-me de organizar uma festa e de dizer aos meus agentes que ele [Dustin Lance Black] vinha. Eles disseram-me: ‘Oh, cuidado com fotografias com o Lance, porque, sabes, ele é um grande ativista LGBT. Não queres que as pessoas pensem que és gay’. Eu fiquei do tipo: ‘Isso seria assim tão mau? Ok’. E fiquei subitamente envolto em vergonha”, contou.
“Tivemos todo o tipo de reuniões de emergência sobre a forma como íamos lidar com isto. [Disseram-lhe:] ‘Vais perder todos os teus patrocínios. Vais perder todos os teus fãs. Como vais competir no Médio Oriente, na Rússia, nesses países?’. Tentavam transmitir-me medo sobre aquilo que eu devia ou não fazer. É realmente assustador ter de sentir que és um escravo da cultura mediática que temos no Reino Unido. Eu sabia que era gay desde os três anos de idade e tinha de viver constantemente a minha vida como se fosse outra pessoa. Vestir essa pessoa que não era eu era exaustivo e foi aí que decidi revelar-me publicamente”, concluiu.