A vida de um tenista a proteger Kiev: "É como se a época de caça estivesse aberta"
Stakhovsky, antigo número um do ténis da Ucrânia, está alocado à defesa da capital e equipado para abater inimigos
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Regressado, em início de março, à nativa Ucrânia para se alistar ao exército do país para combater a invasão da Rússia, Sergiy Stakhovsky revelou que, desde então, tem patrulhado diferentes zonas de Kiev e feito respeitar o recolher obrigatório.
"Basicamente, patrulhamos a cidade. Verifico os carros, as ruas, porque temos um recolher obrigatório e ninguém pode andar na rua até ao dia seguinte de manhã. Patrulhamos uma zona e descansamos entre cinco ou seis horas, antes de mudarmos para outra zona", contou o tenista ucraniano, à "Marca".
Em alturas que pode gozar de um descanso, de forma a recuperar energias para prosseguir a missão na qual se envolveu voluntariamente, Stakhovsky trata de "fazer o inventário militar ou praticar tiro" para quando seja necessário usar armas.
O tenista, antigo número um do país, assumiu ter reduzida experiência em disparo de fogo. "Tinha estado num campo de tiro umas duas vezes, mas isso não pode ser considerado experiência militar", denotou Stakhovsky, que confessou, pese a valentia, sentir medo, embora Kiev esteja relativamente calma e protegida.
"Claro que tenho! Mas, felizmente, não há fogo cruzado agora em Kiev porque as tropas russas não podem entrar na cidade. Há muitas barreiras fora de Kiev e o único perigo agora vem pelos céus, com o lançamento de bombas", referiu.
Não obstante o receio, Stakhovsky, em jeito de séria ameaça, garantiu que tratará de tentar abater os tropas russos, ou outros militares que estiverem a ajudá-los, caso estes tentem aceder ao coração da capital ucraniana, o que desaconselha.
"É como se tivesse aberto a época de caça. Não é a melhor opção para os russos tentarem invadir Kiev. Se encontrarmos um grupo de russos a tentar chegar à cidade, teremos de os caçar", antecipou o tenista ucraniano.
Stakhovsky admitiu, por fim, que pretende regressar, um dia destes, para junto da família localizada na Hungria, ainda que a defesa do país seja o mais importante e algo a que determinadas pessoas estão obrigadas, por força da lei decretada.
"Penso nisso diariamente. Tenho três filhos. Mas, agora, estamos em guerra e nenhum cidadão entre os 18 e os 60 anos pode deixar o país enquanto isto durar", completou o tenista, à "Marca".
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, com invasão de forças terrestres e bombardeamentos de alvos em várias cidades, ataque esse que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.