A leucemia de Roman Reigns foi o ponto de partida para um teste de "superação" na WWE. Uma lesão na campeã feminina foi novo revés e a "ajudar" há uma tendência que tem sido constante: a incoerência.
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Roman Reigns anunciou a 23 de outubro último que a leucemia que havia entrado em remissão há 11 anos tinha regressado. O lutador de 33 anos foi obrigado a abdicar do título universal da WWE, face à necessidade de se retirar por tempo indeterminado dos ringues para iniciar os tratamentos, desencadeando uma sucessão de acontecimentos inesperados no desenrolar de todos os enredos que a companhia tinha planeado.
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De uma semana para a outra, Braun Strowman, então o principal rival de Reigns e caracterizado como um "vilão" (o termo técnico aplicado a este tipo de "personagens" é 'heel'), passou para o lado dos "bons da fita" ('babyface'), sem justificação aparente, algo compreensível face à natureza imprevisível da doença do campeão. O problema que surgiu teve a ver com a falta de coerência demonstrada pela WWE ao longo dos anos: histórias passadas (com relevância ou não) são rapidamente esquecidas, algo que afeta a credibilidade dos lutadores e da equipa criativa.
Quando se fala em equipa criativa fala-se num conjunto de pessoas com experiência em escrita para televisão e produção de programas. A generalidade dos fãs de wrestling não consegue escapar à realidade que é o domínio da WWE sobre outras companhias, mas é capaz de admitir que um dos pontos fracos da maior empresa da modalidade prende-se com a incoerência demonstrada na construção de diferentes enredos.
Outro bom exemplo está no sucesso recente de Becky Lynch, campeão feminina do programa Smackdown. Enquanto esteve a rivalizar com Charlotte Flair, a irlandesa assumiu postura de 'heel'. Mal a rivalidade terminou, a equipa criativa colocou-a num caminho de 'babyface' irreverente, uma faceta que é, geralmente, apreciada pelos fãs. Neste caso, a WWE foi à boleia da resposta do público e tem sabido capitalizar. O problema volta a estar na coerência e na mudança repentina de planos, sem justificação.
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Becky Lynch lesionou-se quando um soco de Nia Jax (ver tweet abaixo) lhe provocou uma concussão, sendo retirada do cartaz para o pay-per-view Survivor Series, onde ia defrontar a campeã feminina do Raw, Ronda Rousey. A troca de "galhardetes" entre ambas (ver tweet acima) passou para as redes sociais e o delírio geral dos internautas é bem ilustrativo do mediatismo da rivalidade. Lynch foi obrigada a escolher uma substituta, optando por Charlotte Flair, com quem tinha rivalizado nas semanas anteriores, numa história contada à volta de uma amizade desfeita. Ao anunciar a escolha de Flair como substituta a campeã do Smackdown abraçou-a, algo que foi encarado com estranheza pelos espectadores.
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Contudo, os fãs não demoraram a encontrar um ponto positivo em toda a situação: com o combate entre Becky Lynch e Ronda Rousey no Survivor Series cancelado, abre-se uma porta para o mesmo no maior palco de todos: a Wrestlemania, em abril, no MetLife Stadium, com 80 mil pessoas a ver. O rumor é que o combate pode mesmo encabeçar o cartaz, algo que seria inédito na história do wrestling feminino. Para que corra bem, bastará... manter a coerência. Aí está o verdadeiro teste à WWE, mais um a superar, e, face ao padrão estabelecido durante décadas, o mais difícil.