FÓRMULA 1 >> Scuderia arriscou tudo no motor para 2022, já batizado de "Superfast", e os resultados estiveram à vista no Grande Prémio do Barém
Corpo do artigo
A dobradinha no pódio de Charles Leclerc e Carlos Sainz, o impressionante quinto lugar do Haas de Kevin Magnussen, o sexto de Valtteri Bottas (Alfa Romeo) e a estreia de Guanyu Zhou (Alfa Romeo) logo nos pontos, no Barém, representaram um ponto em comum no arranque da Fórmula 1. A unidade de potência desenvolvida pela Ferrari está num patamar superior, como os testes de pré-época já indicavam. A demonstração de qualidade foi tão positiva que até deu margem para Leclerc pregar um susto na última volta, em Sakhir. "Fiz uma pequena brincadeira no rádio, a dizer que havia algo de estranho com o motor. De certeza que deu um ataque cardíaco a alguns engenheiros, mas estava tudo bem", contou o monegasco, depois de quebrar o segundo jejum mais longo da equipa sem vencer (910 dias).
"No ano passado, estávamos 25 cavalos abaixo no campeonato, agora estamos ao mesmo nível, talvez um pouco mais"
Após as suspeitas de irregularidades no motor italiano em 2019, abafadas com um pacto secreto entre a marca e a FIA, seguindo-se o pior resultado da história em 2020 (sexto lugar), a formação de Maranello apostou tudo em 2022, ano que marcaria da nova era no Grande Circo. No decorrer de 2021, já introduziu uma nova unidade híbrida com sucesso, mas continuou a pensar na revolução no motor de combustão interna, apesar de a aerodinâmica ser o foco nos novos regulamentos. "A percentagem de novos componentes é das mais altas dos últimos anos", elucidou Enrico Gualtieri, diretor do departamento de unidades motrizes, adiantando que foi preciso "correr todos os riscos", pois os atuais motores vão manter-se até 2025.
Durante mais de dois anos, a equipa de Maranello depositou todas as esperanças no desenvolvimento desta nova unidade de potência, desenhada por um engenheiro vindo da Mercedes.
Desenhado pelo alemão Wolf Zimmerman, que estava na Mercedes em 2014, no princípio da era híbrida, o 066/7, que tem perto de mil cavalos, recebeu a alcunha de "Superfast" (pela rapidez dos ciclos de combustão), apresentando menos vibrações e mais capacidade de funcionar a altas temperaturas do que a concorrência. E até no combustível a Ferrari parece à frente: estimava-se que os 10 por cento de etanol obrigatórios tirassem 20 cavalos a todos os monolugares, mas a Scuderia, em conjunto com a Shell, terá chegado a um composto que evita essa perda. "No ano passado, estávamos 25 cavalos abaixo no campeonato, agora estamos ao mesmo nível, talvez um pouco mais. Estamos satisfeitos com o que alcançámos", afirmou o chefe da Ferrari, Mattia Binotto.
Sainz acerta renovação: "É só pôr no papel"
Ainda em Sakhir, Carlos Sainz, de 27 anos, revelou que a renovação com a Ferrari está iminente. "Estamos muito próximos", disse o espanhol, que se juntou à equipa de Maranello em 2021, alcançando quatro pódios e ficando meio ponto à frente do colega Leclerc no ano de estreia. Também Binotto deu conta do avanço nas negociações. "Encontrámos um acordo. É só uma questão de colocar no papel", confirmou o responsável italiano. De forma surpreendente, Sainz contou que teve "o fim de semana mais difícil como piloto da Ferrari", dando a entender que o segundo lugar no Barém não o satisfez. "Só mostra que preciso de baixar a cabeça, entender este carro e entender onde o Charles consegue fazer a diferença", completou.