Soren Kragh Andersen sobre ganhar no Tour: "Não tenho palavras, estou emocionado"
Soren Kragh Andersen correspondeu na perfeição à estratégia da Sunweb.
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Soren Kragh Andersen justificou a estranha tática da Sunweb, ao surpreender Peter Sagan e companhia para vencer a 14.ª etapa da Volta a França, cujo final foi digno de uma clássica.
As sucessivas arrancadas nos 10 quilómetros finais, já dentro de Lyon, conferiram ao final da tirada uma dinâmica semelhante à das grandes clássicas, com nomes sonantes do ciclismo de ataque, com Tiesj Benoot e Marc Hirschi (Sunweb), Thomas De Gendt (Lotto Soudal) ou Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) a tentarem aquilo que só o dinamarquês, que foi segundo na geral da Volta ao Algarve em 2019, conseguiu.
"Não tenho palavras, estou emocionado. Sonhei com isto, mas é difícil dizermos que somos bons o suficiente antes de conseguirmos fazê-lo [ganhar no Tour]. Estou surpreso e repleto de emoções. Tive boas sensações nas minhas pernas todo o dia, mas nunca sabemos quão bem estão os outros. Quando o momento chegou... precisei de muito tempo para ter confiança em mim neste Tour", desabafou o dinamarquês de 26 anos, que até hoje tinha o "crono" do Paris-Nice deste ano como triunfo mais importante da carreira.
A felicidade de Kragh Andersen foi a felicidade da Sunweb, que, no início da jornada, mandou parar Cees Bol e Casper Pedersen e "obrigou-os" a reintegrar o pelotão, depois de ambos terem tentado entrar na fuga do dia. A aposta da equipa alemã, que bisou em etapas (Marc Hirschi venceu há dois dias) e que tinha claramente esta tirada assinalada, revelou-se acertada, já que, além do primeiro posto do dinamarquês, também colocou Pedersen (quinto) e Hirschi (10.º) no "top 10".
A Sunweb pode, pois, congratular-se pelo plano traçado, ao contrário da Bora-hansgrohe. Nos 194 quilómetros entre Clermont-Ferrand e Lyon não havia alta montanha, mas existiam cinco contagens de montanha (uma de segunda, uma de terceira e duas de quarta) ideais para a estratégia delineada por Peter Sagan para a conquista da sua oitava camisola verde - uma filosofia que poderia traduzir-se por "quem não tem pernas, usa a tática".
Assim, não foi de estranhar que a Bora-hansgrohe tenha repetido o modelo da sétima etapa, eliminando os rápidos, mas "débeis" (quando a estrada inclina), Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep), o líder da regularidade, e Caleb Ewan (Lotto Soudal), o mais veloz desta edição do Tour, entre outros, da discussão da tirada a mais de 90 quilómetros para a meta.
O ritmo imposto pela equipa alemã, novamente auxiliada pela CCC, condenou a iniciativa de Stefan Küng (Groupama-FDJ), que, primeiro na companhia de Edward Theuns (Trek-Segafredo) e, depois, a solo, tentou fazer chegar a fuga a bom porto, sem sucesso.
Na complicada aproximação a Lyon, antecedida de um circuito urbano cheio de "armadilhas", Tiesj Benoot foi o primeiro a atacar na inclinação para La Duchère, sendo seguido por Lennard Kämna (Bora-hansgrohe), o segundo da etapa de sexta-feira. Também De Gendt saiu do pelotão para tentar apanhar os da frente, mas foi Alaphilippe que deu o "esticão" necessário para chegar à dianteira.
Foi aí que Kragh Andersen contra-atacou e a hesitação da resposta dos outros valeu-lhe uma distância inalcançável, que lhe permitiu cortar a meta com o tempo de 04:28.10, 15 segundos à frente do pelotão, comandado pelo esloveno Luka Mezgec (Mitchelton-Scott) e pelo italiano Simone Consonni (Cofidis), respetivamente segundo e terceiro à frente de Sagan, que voltou a falhar a vitória, embora tenha reduzido para 43 pontos a diferença para Bennett.
Na geral, tudo igual: na véspera da inédita chegada ao Grand Colombier, um "colosso" de 17,4 quilómetros com uma pendente média de inclinação de 7,1% onde está instalada a meta, o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma) manteve os 44 segundos de vantagem para o compatriota Tadej Pogacar (UAE Emirates), segundo, e os 59 para o campeão em título, o colombiano Egan Bernal (INEOS), que é terceiro.
Também Nelson Oliveira (Movistar) segurou a 60.ª posição na geral, mesmo tendo perdido mais de seis minutos na etapa de hoje, estando a 01:40.45 horas de Roglic antes da partida para os 174,5 quilómetros da 15.ª etapa.