Nuno Neves, ala de 29 anos, aponta os fatores decisivos numa época que terminou com a descida de divisão do Dínamo Sanjoanense, mas na qual, garante, “nunca faltou atitude”
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O Dínamo Sanjoanense vai regressar à II Divisão Nacional, um ano depois de ter festejado a subida ao topo do futsal português. “Nunca virámos a cara à luta. Tivemos bons momentos, mostrámos qualidade, mas a época foi marcada por várias lesões que nos tiraram peças-chave. O Ricky, o Tiaguinho, o Ricardinho… foram ausências que nos deixaram limitados”, conta Nuno Neves a O JOGO, ala de 29 anos e um dos pilares da equipa.
“Somos o único clube do campeonato que não é profissional. E isso, por si só, já diz muito sobre aquilo que enfrentámos semana após semana. A estrutura está a crescer, mas esta liga não perdoa nada. Os pormenores fazem mesmo toda a diferença”, aponta o jogador da formação sanjoanense. A pergunta impõe-se: em alguns jogos, a equipa já sentia que ia perder antes mesmo do apito inicial? Nuno não hesita na resposta. “Sabíamos que ia ser muito difícil contra Benfica e Sporting. São equipas com outra dimensão. Mas nunca entrámos derrotados. Jogámos sempre o nosso futsal, com a nossa identidade. Houve jogos com muita ansiedade acumulada, com frustração, sim. Isso aconteceu. Mas nunca deixámos de acreditar, nunca nos faltou atitude”, garante o futsalista que há três temporadas veste as cores do Dínamo.
Cada época tem momentos que ficam cravados e, no caso do Dínamo, houve uma fase que ditou o rumo que terminaria com a despromoção. “O empate com o Lusitânia, que devíamos ter ganho, o empate com o Eléctrico e a derrota com o Caxinas. Em todos esses jogos dominámos ofensivamente. Tivemos oportunidades, posse de bola, iniciativa e saímos com pouco. Essa sequência foi um golpe duro para nós. Se os resultados tivessem sido diferentes, se calhar hoje a história seria outra”, assume o ala.
Num campeonato de profissionais, Nuno é exceção. Fora do pavilhão trabalha como engenheiro no Porto de Leixões. E ainda assim jogou 23 dos 26 jogos da temporada e marcou quatro golos. “Foi um ano muito exigente, mas também de afirmação. Sinto que consegui mostrar o meu valor na Liga Placard, mesmo tendo de conciliar o futsal com o meu trabalho. Os quatro golos que marquei são importantes, claro, mas dou muito valor ao que consegui fazer em campo em termos de criação, de duelos, de assistências. Esse é o meu jogo”. Com o tempo, e com a experiência, veio também um papel mais presente dentro do grupo de trabalho, não por imposição, mas por respeito. “Sou dos mais antigos aqui e é natural que vá ganhando responsabilidade. Tentei sempre ser um ponto de equilíbrio, ajudando a manter o grupo unido, lidando com diferentes personalidades e integrando os elementos mais novos”, remata.
Referência nacional na formação
Para Nuno Neves, o Dínamo Sanjoanense tem a ambição necessária para regressar brevemente à Liga Placard. “A estrutura está a crescer, especialmente com um trabalho de futsal de formação que já é uma referência a nível nacional. No entanto, para subir e, acima de tudo, manter-se, é preciso continuar a profissionalizar várias áreas do clube. O presidente Paulo Moreira tem feito um trabalho inestimável ao longo destes anos e acredito que o clube pode continuar a evoluir”, avalia o experiente ala.