Selecionador de râguebi: "Se calhar estamos mais a cavar o nosso buraco..."
Simon Mannix assume que Portugal “não está preparado” para "tier 1"
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O selecionador de râguebi, Simon Mannix, assumiu este sábado que Portugal “não está preparado” para defrontar equipas do primeiro patamar mundial, após perder com a Irlanda (106-7), mas mostrou-se confiante em “voltar mais forte” para os próximos encontros.
“A realidade é que o râguebi português não está preparado para defrontar equipas do ‘tier 1’. Sabemos disso. É uma experiência incrível, são ótimas oportunidades, mas quando não conseguimos fazer-lhes frente, se calhar estamos mais a cavar o nosso próprio buraco do que outra coisa qualquer”, desabafou o técnico, após o maior desaire da história da seleção portuguesa, no Estádio Nacional, em Oeiras.
Os 99 pontos de diferença no marcador superam os 95 da derrota sofrida contra a Nova Zelândia (108-13) no Mundial de 2007, naquela que era, até hoje, a derrota mais pesada da seleção portuguesa.
O técnico assumiu que foi um momento “muito duro” para “todo o râguebi português”, mas frisou que esta “é a realidade” e prometeu que os "lobos" vão usar a “dor” para “dar a volta e serem mais fortes”.
“Nunca duvidei da coragem dos jogadores portugueses. Desde o primeiro dia. Se trabalharmos na direção certa e tomarmos decisões informadas, não tenho dúvidas de que há uma geração de jogadores de râguebi portugueses a aparecer que podem orgulhar muito o país”, apontou o técnico.
Desafiado a explicar a pesada derrota, Mannix assumiu que a Seleção portuguesa “andou a fazer "bluff" a si mesma nos últimos 12 meses, ao acreditar” que podia “render” frente a uma equipa como a Irlanda.
“Não estamos numa fase de rendimento, de forma alguma. Fizemos um ‘reset’ total após o Mundial'2023 e estamos numa fase de desenvolvimento”, resumiu.
Por isso, “em vez de arranjar desculpas”, Mannix preferiu assumir a desilusão.
“Achávamos que íamos ser piores do que a Irlanda por 100 pontos? Não. Estamos desiludidos? Estamos absolutamente devastados. Mas temos de trabalhar e sabemos que vamos conseguir coisas boas se trabalharmos no duro”, desabafou.
Por outro lado, o neozelandês admitiu que não ficou “numa boa posição ao ter de explicar 100 pontos” de diferença no marcador, mas frisou, mais do que uma vez, “confiança total” na equipa técnica e nos jogadores.
Explicou, por outro lado, que o desaire foi uma “consequência” de Portugal achar que podia defrontar uma equipa como a Irlanda “sem preparação, com jogadores vindos de férias, de casamentos e em apenas sete dias”, mas voltou a frisar que defrontar equipas deste nível não faz parte da “realidade” lusa, apesar de os britânicos se terem apresentado desfalcados de “14 jogadores”.
“Temos de ser mais inteligentes. Estes jogos são decididos muito tempo antes e não sei quem toma a decisão de fazer estes jogos. Mas vou recusar defrontar uma das melhores equipas do mundo? Tentámos, fomos pisados, vamos dar a volta. Não temos escolha, temos de lutar”, concluiu.