Com 15 jogos num mês e viagens de 12 horas, Seleção Nacional de voleibol descansa quando pode e habituou-se a dormir em aeroportos.
Corpo do artigo
"São os constrangimentos desta competição; se estamos nela, temos de estar preparados para isso. Sabemos que vamos viajar e que temos apanhar fusos horários bastante diferentes, como as oito horas de diferença na Rússia...", desabafa João José, famoso internacional e agora adjunto de Hugo Silva na Seleção Nacional, sobre as exigências da Liga das Nações, mais conhecida como VNL, que supera tudo o que se conhece em competições por equipas.
A Liga das Nações (VNL) obriga as 16 equipas a fazer duas ou três viagens intercontinentais e três jogos por semana.
Exemplo: Portugal está desde terça-feira em Ardabil, Irão, embora na noite de domingo os jogadores estivessem no Multiusos de Gondomar. E o pior já passou... Em resumo: Portugal faz cinco viagens num mês, entre Europa, América do Sul e Ásia. A maior, de Mendonza a Ufa, foi via Madrid, teve 15.632 quilómetros e demorou dois dias.
A Liga das Nações, herdeira da Liga Mundial, tem cinco jornadas seguidas (cada uma com três jogos), todas em junho, e uma fase final em Chicago (EUA), de 10 a 14 de julho. As equipas mudam de cidade a cada jornada e, embora Hugo Silva considere que Portugal, um estreante, será "talvez a equipa menos favorecida com as viagens e os fusos horários", as travessias de continentes tocam a todos.
A Seleção Nacional começou em Mendonza (Argentina), seguiu para Ufa (Rússia), depois teve Gondomar e agora está no Irão, para na próxima semana fechar a prova em Leipzig (Alemanha). "Requer muito trabalho físico e é difícil fazê-lo, porque não temos tempo, devido às viagens.
São muitas horas em aeroportos e dormimos pouco depois de três jogos intensos", conta o capitão Alex Ferreira, lembrando um ponto fundamental: "Para nós é mais complicado, por termos um número limitado de jogadores. Somos dos poucos que começamos com estes e vamos com estes até ao fim. A maior parte das seleções roda os jogadores a cada dois fins de semana".
A equipa portuguesa, que leva duas vitórias em nove jogos, não lamenta as dificuldades, pois gosta de jogar no nível mais alto. "Os jogadores têm de estar sempre prontos. São muitas viagens, mas é gratificante", completa Alex.
O jet-lag supera-se com pastilhas para dormir e Portugal nem troca jogadores
Para aguentar as mudanças de fuso horário, os portugueses recorrem a pastilhas para dormir. "A medicação ajuda um bocado, mas tentamos sobretudo fazer esforços, ir caminhar... Ou chegar e treinar logo, para descansar na noite a seguir. Não há muitos segredos, é viver...", diz, sorrindo.
João José, sabendo que os comprimidos de melatonina não resolvem tudo, dá outra solução: "Dormir sempre; aproveitar todas as oportunidades para dormir, nem que seja uma hora". E Alex completa: "Para andar a este nível, temos de nos habituar".
Dois dias entre Mendonza e a russa Ufa
A viagem mais longa da equipa nacional foi logo a abrir: saindo de Mendonza, na Argentina, às 6h00 locais do dia 3, uma segunda-feira, a equipa foi para Buenos Aires e daí voou para Madrid, onde os jogadores descansaram umas horas num hotel.
Seguiu-se o voo para Moscovo, onde a espera foi de cinco horas até viajarem para Ufa, capital do Bascortostão, onde Portugal aterrou às 5h30 locais do dia 5, quarta-feira, para na sexta-feira já jogar com a Rússia. O saldo de uma equipa cansada foi de três derrotas...
11026801