Após três anos, o nove vezes campeão do Mundo está de volta ao Rali de Portugal. Por cá ganhou duas edições, mas, em conversa com O JOGO, já nem se lembrava.
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Desejoso de voltar a fazer uma prova em terra e conhecedor da versão nortenha do Rali de Portugal, que fez em 2019, Sébastien Loeb, ao serviço da Ford M-Sport, não resistiu em marcar presença na 55.ª edição, que se inicia na quinta-feira com uma inédita superespecial, noturna, em Coimbra.
O alsaciano vai para a sétima presença na prova lusa, da qual tem tanto de boas memórias como de menos boas. Nas duas primeiras participações, em 2007 e 2009, o seu Citroen C4 ganhou ao Subaru de Petter Solberg e ao Ford Focus de Mikko Hirvonnen, respetivamente, mas, daí para cá, haveria de alcançar quase mais três dezenas de triunfos, confundindo-se nas memórias.
No início da presente temporada, na qual compete a tempo parcial, Loeb chegou à 80.ª vitória da carreira de forma improvável, tornando-se, em Monte Carlo, o mais velho vencedor de sempre (47 anos e 10 meses), depois de um duelo épico com o compatriota Sébastien Ogier, também em part-time e de regresso Portugal. O nove vezes campeão do mundo, com 48 anos feitos em fevereiro, não tem a certeza que a batalha se possa repetir em solo nacional, mas promete dar tudo na estreia dos novos carros híbridos no piso de terra, comentando ainda a ascensão do jovem prodígio Kalle Rovanpera.
Correu o Rali de Portugal no Norte uma vez, em 2019, mas retirou-se cedo. Que expectativas tem desta vez?
-Há muito tempo que não compito em gravilha e é a primeira vez deste carro nesse tipo de piso. De momento, estamos a trabalhar para encontrar as melhores definições que conseguirmos para estarmos prontos para Portugal. Não sei o que posso esperar. De certeza que darei o meu melhor como sempre.
O que pensa desta versão do Rali no Norte, em comparação com quando era no Sul?
-Só fiz o Rali no Norte uma vez, as classificativas são boas. O Rali de Portugal é um dos que mais gosto. É interessante esta versão, mais difícil do que no Sul.
Lembra-se da sua primeira vitória aqui?
-Não...
Já foi há muito tempo.
-Já imaginava. Quando foi?
Em 2007, bateu Petter Solberg e, em 2009, Mikko Hirvonen.
-Só ganhei duas vezes aqui? [risos]
Sim, só duas. Agora, podemos ter um duelo com Sébastien Ogier como em Monte Carlo?
-Vamos fazer tudo o que podermos. É difícil, sobretudo na posição em que estamos. Como somos quartos no campeonato, seremos quartos na estrada no primeiro dia. O [Sébasien] Ogier vai partir mais atrás, talvez seja complicado.
Ogier disse recentemente que este ano não era candidato à vitória.
-Ele disse que não era candidato?
Que podia ganhar, mas não dominar.
-Eu digo que não. Vamos ver.
Kalle Rovanpera tem 21 anos e já leva quatro vitórias no WRC. Ele pode bater os seus recordes?
-Tem de lhe perguntar a ele.
Mas vê nele muita qualidade?
-Sim, ele é verdadeiramente bom e jovem. Teve grandes desempenhos no arranque desta temporada. É bom no asfalto, na neve, na terra... Tem tudo o que é preciso para se tornar campeão mundial.
Quando não está no WRC, consegue acompanhar os outros ralis?
-O último, na Croácia, fui vendo um pouco na internet. Não consigo ver tudo, mas tento acompanhar. Quando tenho tempo, vou ver os resultados.
"Ser campeão de rally-raid é meta"
Desde que experimentou o DTM, Loeb encontra-se em quatro frentes (WRC, Extreme E e Mundial de rally-raid, além do Campeonato Alemão de Carros de Turismo), mas aponta a um só objetivo: o de agarrar o título mundial de todo-o-terreno, depois de ter começado o ano com um segundo lugar no Dakar. Apenas um ponto separa o francês do catari Nasser Al-Attiyah, faltando o Rali de Andaluzia (junho) e de Marrocos (outubro).
Com a estreia no DTM, está envolvido em quatro campeonatos. Consegue passar de um para o outro com facilidade?
-É muito difícil. O DTM foi diferente, custou mais, porque não estou habituado a fazer. Nos ralis, houve algum tempo que não estive no WRC, é sempre preciso encontrar "feeling", fazer adaptação ao carro... Vai ser a primeira vez deste carro em terra, mas está tudo bem. Espero que tenhamos uma boa semana.
Nunca se sente cansado?
-Não, ainda gosto disto [risos].
Quantos mais anos espera continuar a competir?
-Não tenho nenhuma ideia. Faço o que gosto. Enquanto gostar, vou continuar. Quando não tiver capacidade, abrandarei um pouco.
O seu objetivo este ano é ser campeão do mundo de rally-raid?
-Essa é a meta. Não é fácil. Está uma luta muito apertada com o Nasser [Al-Attiyah]. Faltam dois ralis [Andaluzia e Marrocos]. Vamos ver.