"Sair-me bem é estar aqui. Há quatro, cinco meses, não podia dobrar o joelho..."
Geoghegan Hart "feliz" por estar "competitivo" na Volta ao Algarve
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O ciclista britânico Tao Geoghegan Hart está de regresso, no duplo sentido da palavra, mostrando-se feliz por estar na discussão da Volta ao Algarve, após uma longa recuperação em que sentiu que muita gente tinha fé em si.
Basta olhar para o que escreve nas redes sociais, como a reflexão que partilhou antes do arranque da Volta ao Algarve sobre um pelotão cada vez “homogéneo” e sem personalidade, para adivinhar que o agora corredor da Lidl-Trek é diferente, uma perceção imediatamente confirmada à primeira pergunta.
“Uma coisa é estar na bicicleta e outra é estar a competir. É muito diferente, especialmente para o cérebro. Temos de estar focados todo o dia e quando treinamos estamos mesmo relaxados e calmos. É um ambiente diferente, um sentimento diferente. É muito bom”, analisou sobre o seu regresso à competição.
Passaram nove meses desde que o britânico de 28 anos caiu com aparato e gravidade na 11.ª etapa da Volta a Itália, quando ocupava o terceiro lugar da geral. Antes de fraturar a anca, tinha demonstrado estar de regresso ao seu melhor nível, o mesmo que o levou a conquistar o Giro2020 e que até ao início da temporada de 2023 não tinha voltado a exibir.
“Penso que sair-me bem é simplesmente estar aqui. Há apenas quatro, cinco meses não podia sequer dobrar o joelho. Foi uma longa jornada, as pessoas apoiaram-me de diferentes formas e demonstraram muita confiança e fé nisto [recuperação]. E não apenas nisto, porque, como disse, uma coisa é conseguir correr em condições, outra é ser competitivo. O que aconteceu na Fóia é bem mais importante do que estar apenas aqui com um dorsal”, defendeu, em declarações à Lusa.
Sétimo classificado no alto da Fóia, na segunda etapa, Tao Geoghegan Hart ocupa a mesma posição na geral antes do contrarrelógio de hoje, que percorre 22 quilómetros nas ruas de Albufeira, e está na luta pela geral, o que o deixa “feliz”.
“Para mim, é especial estar aqui em Portugal. Tenho muitas memórias aqui já. Desde 2015 que corri nesta zona. E, claro, o João [Correia, agente] estava comigo ainda antes de eu ser operado, por isso também tem sido uma semana emocional para ele. De certa forma, esses [maus] momentos são mais duros para as pessoas à tua volta do que para ti, porque nós estamos ‘dentro’ e eles têm de observar desde fora”, salientou.
Agenciado pelo português João Correia e amigo dos ciclistas lusos João Almeida e Ruben Guerreiro, com quem se cruzou na Axeon Hagens Berman em 2016, antes de mudar-se para a estrutura da INEOS, onde passou sete temporadas, o corredor que se identifica com um círculo vermelho é um bom conversador, tanto que a assessora da Lidl-Trek pede à Lusa para ‘encurtar’ a entrevista.
Mas ainda há tempo para Geoghegan Hart mostrar-se grato à equipa norte-americana, que assinou contrato consigo por três épocas em agosto, quando ainda estava em convalescença.
“Sem dúvida que esta equipa acreditou em mim, definitivamente. Claro que os corredores o fizeram, mas também a direção [da Lidl-Trek]. Foi muito tempo [que esteve sem correr] e a fé que demonstraram em mim foi verdadeiramente importante, a paciência… não foi fácil. Em dezembro, eu não estava no nível que eu esperava, mas eles foram mesmo calmos. Vimos uma progressão realmente boa desde então, o que é muito bom”, revelou.
Ainda a ‘saborear’ o regresso ao ciclismo ao mais alto nível, o campeão do Giro2020 não consegue decidir-se quando a questão é se tem objetivos para esta época ou prefere ver como se sai.
“Ambos. No fundo, é alcançar o máximo em cada corrida. Temos grandes ambições enquanto equipa, de estar no topo das classificações gerais das corridas. Começámos aqui esta semana, vamos ver como corre hoje”, concluiu.