Saltador fez comunicado a revelar ter decidido deixar o clube, encarnados informaram estar em curso o processo do “seu despedimento”
Corpo do artigo
Pedro Pablo Pichardo não será mais atleta do Benfica e provavelmente irá competir como individual durante este ano, pois dificilmente encontrará um clube disposto a pagar-lhe os 12 mil euros mensais que recebia dos encarnados, pelos quais competiu a última vez em fevereiro de 2023, no Nacional de Clubes em pista coberta. O divórcio, previsível depois das exigências feitas pelo campeão (2021) e medalhado de prata (2024) olímpico, após os Jogos de Paris, foi anunciado ontem, tanto pelo atleta como pelo clube.
“Devido a divergências irreconciliáveis com o Sport Lisboa e Benfica, que inviabilizam a minha continuidade, decidi deixar de ser atleta do clube, conforme comuniquei hoje mesmo à entidade. O assunto está a ser levado às instâncias competentes, pelo que, a partir deste dia, não irei mais pronunciar-me sobre este tema, focando-me única e exclusivamente na vertente desportiva”, divulgou ontem o saltador de 31 anos em comunicado, recebendo pouco depois a resposta do clube: “O Benfica informa que Pedro Pablo Pichardo foi notificado no passado dia 3 de janeiro de 2025 de um processo disciplinar com vista ao seu despedimento”.
O Benfica explicou que “em causa está a falta de comparência a exames médicos para os quais estava convocado depois dos Jogos Olímpicos, bem como o facto de ter recusado a inscrição na plataforma de atletas, apesar de ter sido por diversas vezes solicitado para tal”. “Uma decisão que tem impedido, entre outras consequências, a sua participação em provas ao serviço do Benfica”, lê-se ainda.
Em setembro do ano passado, Pichardo revelara ter pedido “reuniões com o primeiro-ministro e com o presidente do Benfica, Rui Costa”, porque estava “um bocadinho cansado de tirar do próprio bolso”. O saltador referia-se a um fisioterapeuta e a viagens para competições, mas estas eram feitas ou com a Seleção Nacional ou em provas em que competia com o símbolo da Puma e recebia prémios individuais, como as da Liga Diamante.
Na despedida do clube, o luso-cubano agradeceu aos adeptos encarnados, aos patrocinadores, à Federação de atletismo, ao Comité Olímpico de Portugal e à Câmara de Setúbal “o apoio incondicional ao longo destes anos”, o que levanta dúvidas sobre o seu futuro na Seleção, mas os regulamentos internacionais são claros: a troca de nacionalidade não só obriga a um período de três anos sem competições pelo país anterior, como apenas é possível para quem não o representou nos Jogos Olímpicos e só pode ser pedida uma vez.
Oito anos e 11 provas pelo Benfica, todos os títulos por Portugal
Fugindo de Cuba, zangado por o seu país natal o impedir de treinar com o pai e não o ter levado aos Jogos do Rio’16, Pichardo estreou-se pelo Benfica a 17 de junho de 2017, vencendo o Meeting de Lisboa. Desde então, e em oito anos de ligação, vestiu de encarnado em dez Campeonatos Nacionais de Clubes, ganhando sempre o triplo salto e correndo os 60 metros em 2020 (quarto). Pela Seleção Nacional já saltou 13 vezes e ganhou dez medalhas, tendo, aos 31 anos, um palmarés inigualável para um português: campeão (2021) e vice (2024) olímpico, campeão mundial (2022), campeão (2022) e vice europeu (2024), prata no Mundial indoor (2022) e dois títulos no Europeu indoor (2021 e 2023). Colocou o recorde nacional de triplo salto nos 18,04 metros (quinto melhor país mundial) e o de pista coberta em 17,60m. A nível individual já conquistou três vezes a Liga Diamante (2018, 2021 e 2024).