Tóquio'2020: Sagres vai avaliar estado dos oceanos e levar a bandeira portuguesa
Percurso de 371 dias terá como ponto alto a chegada a Tóquio, onde o navio funcionará como Casa de Portugal durante os Jogos Olímpicos.
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O navio-escola Sagres iniciou este domingo a viagem de circum-navegação, com partida em Lisboa, num percurso de 371 dias que terá, entre os pontos altos, a chegada a Tóquio e o desenvolvimento de projetos científicos a bordo.
Na embarcação encontram-se 142 elementos de guarnição, entre os quais quatro mulheres, bem como 50 instruendos da Aporvela (Associação Portuguesa do Treino de Vela) e dois investigadores do projeto SAIL, numa viagem que se insere nas celebrações do quinto centenário da circum-navegação de Fernão de Magalhães.
Antes das 10h00, no Terminal Fluvial de Santa Apolónia, várias centenas de pessoas concentraram-se para se despedirem da tripulação.
Pouco depois, iniciou-se cerimónia de entrega da bandeira portuguesa que vai ser usada nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que foi recebido com aplausos dos familiares presentes, o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, bem como os secretários de Estado da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo.
Terminada a cerimónia e o momento musical que lhe sucedeu, seguiu-se a largada do Sagres. A tripulação manipulou as espias (cabos de amarração ou atração), utilizou as malaguetas (cavilhas ou pinos onde estão amarrados os cabos), içou as velas, controlou os lemes e a embarcação seguiu com o vento a favor, tendo a sua primeira paragem oficial em Tenerife, nas ilhas Canárias, em Espanha.
"Magalhães desfez a quadratura do círculo. Deu-nos um mundo redondo e abriu horizontes a novos mundos, povos, culturas, motivado pela riqueza das especiarias das índias e pela possibilidade do comércio em que o cravinho, não o nosso ministro da Defesa, mas o arbusto de sementes aromáticas, providenciava o incentivo para uma economia mundial emergente", notou Ricardo Serrão Santos, durante o seu discurso a bordo.
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A viagem que agora se inicia levou a um período de preparação superior a um ano e meio, envolvendo aspetos logísticos, a organização dos materiais, do navio e dos próprios marinheiros, tal como explicou aos jornalistas o comandante do navio-escola.
António Maurício Camilo admitiu ainda a possibilidade de ao longo da viagem terem de enfrentar "situações anómalas", decorrentes das alterações climáticas, mas ressalvou que a tripulação está "preparada para isso".
A segunda tenente Helena Bouças disse à Lusa que esta missão envolve uma grande preparação pessoal e logística, que obriga, por exemplo, a tripulação a levar consigo "apenas o mais importante", tendo em conta a falta de espaço decorrente do número de elementos a bordo.
Já no que se refere aos principais desafios que vão enfrentar, Helena Bouças apontou o Cabo Horn, na América do Sul, "pela sua história e pelo seu tempo".
Para o comandante Maurício Camilo, o principal ponto altos da viagem é a chegada a Tóquio, para entregar a bandeira portuguesa à delegação olímpica na capital japonesa, onde o navio irá ficar, funcionando como "a Casa de Portugal" durante os Jogos Olímpicos.
Além disto, ao longo da viagem e pelos vários portos onde a embarcação vai atracar, são esperadas muitas pessoas dispostas a visitar o navio e a conhecer o que nele está a ser desenvolvido, notou.
Esta é ainda "a primeira vez que o navio vai ter [...] projetos científicos a bordo. Basicamente, vamos medir o estado dos oceanos e da atmosfera", avançou o comandante.
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Por sua vez, em declarações à Lusa, o ministro do Mar explicou que a viagem envolve "uma série de protocolos científicos" para conhecer melhor as correntes, a influência do clima, a biodiversidade e a poluição dos plásticos e microplásticos.
"Vão ser feitas amostragens ao longo do percurso [...], vai permitir colheitas, mais conhecimento e vai haver muitos eventos relacionados com literacia, divulgação e comunicação dos oceanos e a poluição dos plásticos. É também uma viagem de sensibilização da população a nível global", precisou Serrão Santos.
O navio-escola Sagres vai passar por mais de 20 portos de 19 países diferentes.
Depois da primeira paragem em Tenerife, seguem-se a cidade da Praia (19 de janeiro), Rio de Janeiro, Brasil (10 de fevereiro), Cidade do Cabo, África do Sul (27 de março),