"Foi um caos, senti-me com boas pernas, foi pena a queda que me obrigou a parar", disse o gaiense, que chegou em 52.º, melhor resultado desde Acácio da Silva
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Rui Oliveira, português de 26 anos da UAE Emirates, terminou orgulhoso a clássica Paris-Roubaix, a mais dura do mundo e historicamente pouco apetecível para os corredores portugueses. Tanto que o gaiense, achando que poderia ter feito melhor do que o 52.º lugar, a 6m48s de Mathieu van der Poel, estava longe de imaginar ser esse o melhor resultado nacional... desde 1983.
Foi há 41 anos que Acácio da Silva terminou na 27.ª posição, sendo essa a sua única presença no "Inferno do Norte". Mas o emigrante ficaria a 23m41s do vencedor, o neerlandês Hennie Kuiper, e só terminaram 32 corredores. O mais velocista dos gémeos gaienses pode orgulhar-se de ter ficado bem mais próximo de Van der Poel e de ter ficado na metade superior de uma edição em que terminaram 135 corredores.
"Foi um caos como nunca antes vivi. Senti-me com muito boas pernas toda a corrida, até que o motor explodiu nos últimos metros do Carrefour de L"arbre, quando seguia no principal grupo!", escreveu Rui Oliveira, em jeito de balanço.
"Ainda assim, estou orgulhoso de como corri, sempre na frente e atento. Uma pena a queda que houve na frente, na floresta; fui obrigado a parar e perdi o contacto com alguns dos favoritos, que depois se juntaram à frente. Mas isto é o Roubaix e estou feliz por ter chegado ao velódromo são e salvo. A primeira vez que terminei e sem dúvida que não esqueço mais! Até pró ano", completou o corredor da UAE Emirates.
Rui Oliveira chegou à frente de André Carvalho, da Cofidis, que terminou na 94.ª posição, mas também atingiu o velódromo de Roubaix pela primeira vez. E ter uma dupla no final foi histórico para Portugal, sempre com fracos resultados na clássica do empedrado.
O último português a terminar antes da dupla foi Nuno Bico, que já acabou a carreira. Estava na Movistar em 2018, quando chegou em 91.º. Nelson Oliveira teve cinco presenças, mas só concluiu uma, em 2015, sendo 61.º ao serviço da Lampre.
Roubaix é tão amargo que nem os melhores corredores nacionais desde o início do século têm bons registos: Rui Costa foi 58.º em 2009, a 12m12s do vencedor; Sérgio Paulinho alinhou em 2005 e desistiu; José Azevedo nunca lá foi, tal como Joaquim Agostinho.
Já se percebe ser o 27.º posto de Acácio da Silva um feito histórico, ou talvez ainda o seja mais o de Rui Oliveira!