ENTREVISTA >> Rui Neto regressou ao Óquei, cerca de ano e meio depois de ter saído, Substituindo aquele que, na altura, foi o seu sucessor, Paulo Freitas
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Rui Neto, natural de Viana do Castelo, 55 anos, está de regresso ao Óquei, clube que já treinou entre 2020/21 e o início de 2022/23.
Por que aceitou o convite do Barcelos ano e meio depois de ter saído?
-De uma forma natural. O Barcelos foi o clube que eu tinha representado durante ano e meio, onde tinha sido bastante feliz, deixei aqui boas amizades. Um clube do qual gosto muito, e que também o representei como atleta. Portanto, se a oportunidade de regresso surgisse, como surgiu, nunca poderia negar, teria sempre que aceitar, até porque é um clube com ambição e importante.
Costuma-se dizer que não se deve voltar a um local onde já se foi feliz. O Rui Neto já foi muito feliz no Óquei, ao ter sido o último treinador a conquistar um título, a Elite Cup. Não é um risco?
-Qualquer decisão que tomamos no desporto é sempre um risco. Mas eu volto para ser muito feliz e quebrar um bocado esse ditado. O que espero é que possa, de forma tranquila, ajudar o clube a atingir o patamar onde merece estar, e que, na realidade, está atualmente. Não posso deixar de frisar que o Paulo Freitas deixou o clube em todas as frentes e, no campeonato, não estando na posição que todos desejavam, nada está perdido.
Fez questão, na apresentação, de elogiar o antecessor. Vai aproveitar algum do trabalho de Paulo Freitas?
-A qualidade que o Paulo tem é óbvia, se não, não tinha passado por onde passou e não era o selecionador nacional. Deixou trabalho feito no Sporting, ganhou aqui uma Taça CERS. Tive a oportunidade de seguir quase todos os jogos do Óquei de Barcelos e às vezes é uma questão de a bola entrar ou não, de a mensagem passar ou não. Quando saí, também senti isso. Tinham tido dois anos muito bons e um mês horrível e que colocou tudo em causa. Cada treinador tem o seu modelo de jogo, mas vou aproveitar algumas dinâmicas do Paulo, que não são muito diferentes das minhas, mas com o meu cunho pessoal.
O plantel não é muito diferente de há ano e meio...
-Sim, tenho oito atletas da altura. Mas como lhes disse no balneário quando fui apresentado, eu sou, com certeza, a mesma pessoa, mas não sou o mesmo treinador. Porque tive que crescer com erros, que todos cometemos. Serei a mesma pessoa, mas ligeiramente diferente, não no trabalho de campo, digamos, mas noutras questões, para que, dentro do possível, não haja desgaste no relacionamento com os jogadores.
Já foi selecionador, colocou o Barcelos no topo na sua primeira passagem, mas teve este tempo todo sem treinar. Não recebeu outros convites?
-Tive uma ou outra situação que entendi que não era aquilo que pretendia. Mas eu também costumo fazer interregnos grandes, porque também me ajuda a refletir e desligar um pouco do hóquei em patins.
Mas ficou surpreendido com o convite do Barcelos?
-Não. Porque só quem não percebe um bocadinho de hóquei é que não pode reconhecer o meu trabalho aqui em Barcelos.
Martim Neto, médio do Gil Vicente emprestado pelo Benfica, é o filho mais novo de Rui Neto. Aos 21 anos, estreia-se na I Liga, num ano em que o pai regressa ao Barcelos. Para o progenitor, a decisão do filho foi acertada. “Ele esteve oito anos e meio no Benfica e fui o primeiro a aconselhá-lo a ir para o Gil, porque o ia fazer crescer muito”. Outra curiosidade, é o filho mais velho, Gonçalo, jogar no Tomar, com quem o pai se estreou para o Campeonato (derrota por 3-2, com um golo de Gonçalo), nesta “segunda” vida ao serviço do Barcelos.
Com contrato de ano e meio, Rui Neto já pensa na próxima temporada e uma decisão já está tomada, a inclusão do guarda-redes suplente de Conti na equipa técnica.
Joka foi o titular da baliza contra o Carvalhos, sofrendo oito golos, no empate que ditou a saída de Paulo Freitas. Por que não o convocou no jogo seguinte, na Parede, nem no outro, de Tomar?
-O Joka não foi a jogo, porque está lesionado. Mas, para afastar quaisquer dúvidas, anuncio já, e o presidente que me desculpe a inconfidência, que o Joka vai fazer parte da minha equipa técnica com adjunto no próximo ano. Ele conhece o grupo e é treinador da formação.
Que objetivos traçou com a direção?
- No primeiro ano que vim para cá, propus-me intrometer entre os grandes, diziam que era maluco. Mas cada ano que passa fica mais difícil a equipas como o Barcelos ganharem títulos de forma regular, porque Benfica, FC Porto e Sporting cada vez investem mais. Mas assumo que no Campeonato, Taça de Portugal e Liga Europeia pretendo atingir a final-four. Andar lá em cima, estar nas decisões. Os adeptos estão descontentes, são os nossos maiores críticos, mas são também aqueles que nos acompanham para todo o lado.