Poveiro está com 17 dias de competição, apenas dez desde o regresso após dupla fratura, sentindo estar “a começar a época”. E bem, dado o “orgulho de vestir as cores de Portugal no Tour”.
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“Sinceramente, fui para Santa Maria da Feira expectante. Não sabia bem o que ia sair dali”, confessou Rui Costa a O JOGO, depois de ter conquistado pela terceira vez o Campeonato Nacional de Estrada. Uma alegria a que somou depressa outra, a da convocatória para a Volta a França por parte da EF Education-EasyPost, um sinal de confiança depois de uma queda na Volta ao Algarve, em fevereiro, ter custado fraturas de clavícula e omoplata e um afastamento de quase quatro meses.
“Estou a contar correr a Vuelta, que surgirá depois do Tour, e havendo ainda os Jogos Olímpicos pelo meio. É muito e tudo seguido. Sinto-me como estando a começar a competir em junho e vou alinhar no Tour com dez dias de corrida nas pernas. Estou bem, mas sinto sobretudo que ainda posso melhorar. Parece que estou começar agora a época. Por isso disse, na Feira, que às vezes há males que vêm por bem”, contou ainda o poveiro de 37 anos, que vai para a sua 17.ª Grande Volta e ainda poderá ter a 18.ª.
“Será uma honra para mim vestir as cores de Portugal no Tour. Desde que entrei na EF sempre quis ter a bandeira portuguesa na camisola, era uma das minhas ambições este ano, por isso vou realizar dois sonhos”, diz sobre a convocatória para França, tendo as ambições bem definidas: “A equipa parece forte e há muitas etapas para nós. Esse será o nosso foco, ir em busca de etapas. Acredito que venceremos”, refere, explicando a O JOGO que precisa de “mais alguns dias para ficar melhor”.
Agora mais sorridente, Rui Costa lembrou que viveu “um ano mau devido à queda”. “Estragou a primeira fase da temporada e passei os últimos meses focado em recuperar. Tive de passar a Volta à Suíça a adaptar-me ao ritmo de competição e algumas etapas custaram-me bastante. No final já me sentia bastante melhor e o título nacional veio dar grande alento”, contou.
Uma corrida contra o trio da UAE Emirates
No passado domingo, viveu uma situação inédita: “O Campeonato Nacional não é fácil. É uma prova muito aberta, todos sonham com o título. A UAE tinha três corredores, e sabia que para ganhar seria contra eles. Eu, pela primeira vez, estava mesmo sozinho. Quando ganhei o título de 2015, em Braga, tinha comigo o Nelson Oliveira, no de 2020, em Paredes, contava com os irmãos Oliveira. Desta vez eram precisamente eles os maiores adversários”.
O poveiro precisou de “estar muito atento logo de início”. “Os primeiros 20 ou 30 quilómetros foram de muita batalha e tive de fechar várias vezes o espaço para não deixar ir um grupo. Quando se formou a fuga decisiva, com o Ivo e o Rui Oliveira, a corrida tornou-se mais regular, até que chegaram os quilómetros finais e os ataques dos dois. Não estava muito convencido de que ganharia. Eles são muito rápidos, têm acelerações potentes. Felizmente tive boas pernas”, finalizou.
A sensação agridoce de bater um dos Oliveira
Ivo e Rui Oliveira cresceram a admirar Rui Costa, do qual foram colegas de equipa cinco anos, criando grande relação de amizade. “Já tinha sido adversário deles lá fora, mas isso quase não conta, porque cada um faz o seu trabalho. Esta foi a primeira vez de confronto direto. Uma rivalidade boa, mas estranha para mim. Gosto muito deles, portanto foi agridoce ter de ganhar ao Rui Oliveira”, confessou Costa.
EF-EasyPost vai ao Tour em busca de etapas
Richard Carapaz será de novo o líder da EF-EasyPost na Volta a França, mas desta vez não é a aposta total da equipa, que assume querer ganhar etapas. Alberto Bettiol, Neilson Powless, Ben Healy, Marijn van den Berg, Sean Quinn e Stefan Bissegger serão os atacantes, além de Rui Costa.
“Estou super grato por a equipa acreditar em mim. Farei o meu melhor para lutar por uma etapa”, diz o português.