Ruben Guerreiro e a carreira na EF: "Queria mais pressão e objetivos concretos"
Trepador recorda que ao vencer no Mont Ventoux "tive um resultado ao nível do que mostro em treino" e que na Movistar já trabalha para melhorar em contrarrelógio
Corpo do artigo
Ruben Guerreiro passou, em entrevista a O JOGO, em perspetiva a vitória na clássica no Mont Ventoux, o décimo posto no Dauphiné e como acreditava que podia liderar no Tour. Assim como revelou o que já encontrou na Movistar e o que lhe faltava na EF.
Fazer a Volta a França é para si imprescindível?
É a corrida de que mais gosto. Pelo mediatismo, pela dureza e pela beleza também. Adoro correr no verão. Gostei do Giro em que estive e tive boas performances. Mas corri-o em outubro. Além disso, é difícil manter para o Giro a forma que se tem nas Ardenas. A Movistar deu-me estas condições e vou preparar o Tour, que é uma grande oportunidade. Depois ver-se-á se vou à Volta a Espanha. Tenho sido acompanhado pela primeira vez para melhorar o desempenho no contrarrelógio e ter uma posição aerodinâmica. No Dauphiné perdi mais de um minuto e meio para muitos dos rivais. Acredito que tirar 45 segundos ou um minuto a esse tempo é possível.
Venceu no Mont Ventoux e fez top-10 no Dauphiné. Queria ser líder no Tour?
Foi das melhores performances que tive, no Mont Ventoux. Não tinha conseguido ter um resultado ao nível da capacidade que mostro em treino. Foi muito especial. Mesmo com adversários diferentes da Volta a França, fiz uma grande diferença de tempo. Estava capaz de discutir a corrida com quem quer que lá fosse. Antes, fui quinto na última etapa do Dauphiné, a pouco mais de 50 segundos do Primoz Roglic. Dei mostras de que podia ser o líder no Tour. Nas primeiras etapas senti-me desprotegido, não tive apoio para combater o stress e as quedas. A EF Education dá excelentes oportunidades a jovens, é equilibrada e dá espaço a líderes com o palmarés já feito, como o Urán. Não te mete pressão. Gostava de ter mais pressão e objetivos sérios e concretos. O Carapaz também entrou na EF, é um espaço que perderia na equipa.
Tinha contrato para 2023. Facilitaram-lhe a saída?
Saio porque o Jonathan Vaughters [líder da equipa] ouviu-me, sentiu-se na pele de um corredor e entrou em acordo com o meu novo empresário. Facilitou-me a saída. Encontrei pessoas espetaculares. O Charles Wegelius, que é o principal diretor da equipa, foi ótimo para mim. Saí pelo plano desportivo. Quando tens uma equipa que te permite lutar por objetivos, não procuras outra. A Movistar reúne essas condições.
A Bora e a Ineos também lhe fizeram propostas?
A Ineos e a Bora são equipas muito estruturadas, mas com muitos líderes. Prefiro ter mais espaço para a minha carreira.