Fora da entrada direta via "ranking" mundial, destinado aos 18 mais bem classificados de cada categoria, com exceção do país organizador, os dois judocas encaram os Mundiais como mais uma etapa, sem pressão
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Os judocas Rodrigo Lopes (-60 kg) e João Crisóstomo (-66 kg) perseguem nos Mundiais de Budapeste o sonho de um apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio, embora sejam muitas as variáveis para a qualificação.
Fora da entrada direta via "ranking" mundial, destinado aos 18 mais bem classificados de cada categoria, com exceção do país organizador, os dois judocas encaram os Mundiais como mais uma etapa, sem pressão.
"Não tenho pensado nos pontos, ou quantos pontos faltam. Tenho o objetivo de conseguir a vaga, mas procuro não pensar nisso", explicou em declarações à agência Lusa Rodrigo Lopes, judoca que compete nos -60 kg.
Rodrigo Lopes, que chegou a ser esperança olímpica do Brasil, até uma grave fratura na cervical, em 2014, o deixar em risco de vida, encontrou, já naturalizado, em Portugal, um novo caminho, em que mantém "vivo" o sonho olímpico.
"Desde que entrei no judo tenho o sonho dos Jogos Olímpicos, e, se não for Tóquio, será Paris2024 ou Los Angeles2028, não deixei de acreditar no sonho", acrescentou à Lusa o judoca do Benfica.
Na corrida aos Jogos, o cenário não é fácil para Rodrigo Lopes (42.º nos -60 kg) ou para João Crisóstomo (52.º nos -66 kg), com ambos a precisarem de muitos pontos ou de vários fatores, que lhes abram vaga na quota continental.
"São muitas variáveis, é como uma roleta russa. Um lugar de sétimo lugar [nos Mundiais] para mim garantia, mas depende de outras variáveis", adiantou também à Lusa João Crisóstomo, medalha de bronze nos Europeus de Lisboa, em abril.
No apuramento, além dos 18 mais bem classificados em cada categoria (um por país, num total de 252) e dos judocas do anfitrião (14), são distribuídas mais 100 vagas na quota continental, com a Europa a ter direito a 25.
Uma possibilidade que abre a qualificação para os 13 judocas europeus masculinos e 12 femininos mais bem classificados, numa hierarquia em que não se podem repetir países por categoria e que obriga a fazer contas com algumas condicionantes.
Mesmo após os Mundiais e quando o "ranking" olímpico encerra em 28 de junho, é preciso esperar pelo fecho das inscrições, para perceber quais os judocas efetivamente presentes em Tóquio e que lugares ainda podem abrir entre qualificação direta e quotas.
Acima de Rodrigo Lopes e João Crisóstomo, que acabam por concorrer entre si por uma eventual entrada na quota continental, está o eslovaco Peter Zilka (35.º nos -90 kg), o 13.º e último judoca europeu nesta 'via alternativa'.
Zilka contabiliza 1.823 pontos, contra 1.500 de Rodrigo Lopes e 1.260 de João Crisóstomo.
Nos Mundiais, um primeiro lugar representa 2.000 pontos na qualificação, um segundo 1.400, um terceiro 1.000, um quinto 720, um sétimo 520 e um nono 320, sendo que o judoca descarta no sistema de apuramento o seu pior resultado.
"É uma janela aberta, implica sempre muitas contas. Não estou a pensar muito nessa ótica, vou abordar o campeonato como fiz no Europeu, combate a combate, a desfrutar de estar a fazer judo. Tive essa sensação em Lisboa e quero replicar isso em Budapeste", adiantou João Crisóstomo.
Nos Mundiais, entre domingo e 13 de julho, Portugal conta, além de Rodrigo Lopes e João Crisóstomo, com mais 12 judocas, sete dos quais em zona de apuramento olímpico, sendo a grande ausente Patrícia Sampaio (-78 kg), a recuperar de uma lesão sofrida nos Europeus.
Catarina Costa (-48 kg), Joana Ramos (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-70 kg), Rochele Nunes (+78 kg), Anri Egutidze (-81 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg) são os judocas nos Mundiais que estão em zona de apuramento, aos quais se juntam também em Budapeste Maria Siderot (-48 kg), Joana Diogo (-52 kg), Wilsa Gomes (-57 kg) João Fernando (-73 kg) e Manuel Rodrigues (-81 kg), um grupo mais jovem, já a pensar em Paris2024.