Algarvio da Hyundai lembra que é o "campeão dos anos ímpares" e fala em Ronaldo para destacar a excelência dos atletas portugueses, com o automobilismo incluído
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Ricardo Teodósio, algarvio de 47 anos, campeão português em 2019 e 2021, está mais entusiasmado do que preocupado por ter Craig Breen, piloto do WRC, como novo colega na Hyundai Portugal, rendendo Bruno Magalhães. Quer capitalizar a experiência ao lado de quem ainda há um mês foi segundo no Rali da Suécia, mas sublinha que nos anos ímpares é a sua vez de ser campeão. Uma entrevista a O JOGO sem papas na língua.
Que representa para si, e para os outros pilotos nacionais, ter o Craig Breen no Campeonato de Portugal de Ralis?
-É um aumento da competitividade em Portugal, ele é um piloto mundialista - até já tem um título num campeonato do mundo -, tem muita experiência e vai fazer com que nós, os portugueses, tenhamos de correr atrás do prejuízo. Não quer isto dizer que ele chegue cá e nos passe um atestado de incompetência. Nós conhecemos as estradas, também somos rápidos e temos um dos campeonatos mais competitivos a nível europeu e provavelmente mundial.
Portanto, vão dar-lhe luta...
-Somos um país pequenino, se calhar demasiado pequeno para tanto bom piloto, ou para os desportistas que temos em tantas frentes. Vejo portugueses bons em todos os desportos, e temos também o Cristiano Ronaldo, melhor futebolista do mundo, que não conheço pessoalmente mas espero conhecer. Temos pilotos como João Barbosa, vencedor na América, um Félix da Costa que considero um espetáculo, um Filipe Albuquerque que é outro espetáculo, um Álvaro Parente e tivemos o Pedro Lamy, o que nos levou mais além. Se houvesse mais patrocinadores, para que pudéssemos sair do nosso cantinho, para fazer campeonatos da Europa e do Mundo, provaríamos ter capacidade para ir lá e vencer.
Não disse como será correr frente ao Craig Breen...
-Tenho um colega de equipa que nos vai elevar a fasquia. É bom ele correr cá e temos de aprender com ele. Vou tentar extrair o máximo dele, para ser melhor. As coisas fáceis não têm tanta piada, gosto das difíceis, da aventura e de tentar ser melhor, sempre sem prejudicar os outros.
Portanto, mesmo com ele como colega, quer ser campeão?
-Claro! Isso ninguém me tira da cabeça. Desistir é para os fracos. Fui sempre piloto de raça, de lutar, e com a equipa que me acompanha há uns anos, e que é uma família, mais a Sports&You, damos o melhor e temos sido campeões nos anos ímpares. Ora este é um ano ímpar, queremos ser campeões, independentemente de ter um colega campeão do mundo e teoricamente superior a nós. O objetivo é ser campeão em 2023.
Tem outro grande rival: o Armindo Araújo e o seu Skoda, que pode ser o melhor carro...
-O Armindo não precisa de apresentações. É o piloto com mais títulos de campeão nacional, foi campeão do mundo dois anos. É muito bom e tem um carro muito bom. Nós também não somos maus. Já lhe conseguimos ganhar. Nos últimos anos tem sido ele ou nós. Aliás, quando ele foi campeão, disse-lhe logo: levas o troféu, mas para o ano eu vou buscá-lo de volta! Nós damo-nos muito bem. Gosto de andar feliz e de me dar bem com todos.
O Rali de Fafe vai ser ainda mais entusiasmante, uma espécie de mini-mundial?
-Diria que é superior a algumas provas do Mundial. No WRC há os 10 carros Rally1 e depois são 20, no máximo 30 Rally2. Aqui são 44! É muito carro. É um rali de que toda a gente gosta. Gosto de todos, mas em especial deste. Mais só do Algarve, não por ser da minha terra, mas por ser espetacular. Este ano regressa ao campeonato e terá troços da antiga prova do Mundial. Ainda os vou recordar nos vídeos, porque sendo em casa quero ganhar. Em Fafe também, mas tenho consciência de que é difícil. Alinham 13 campeões em título, mais alguns que já foram campeões, como eu. Vai ser muito competitivo.
Consegue adivinhar os maiores candidatos ao pódio?
-Isso é praticamente impossível. Há pelo menos uma dezena de candidatos. É um espetáculo ter um rali destes. Fico com vontade de voltar a fazer uma prova internacional.
Ainda vai a tempo de uma aventura dessas?
-Já o fiz no passado. Há muito não o faço, mas adorava. Sobretudo procurar uma prova nova, para não ter uma carreira repetitiva. Gostava muito de correr na Suécia, com a neve. Ainda não o tirei da cabeça, e quando isso acontece, contem comigo. Talvez para o ano o faça, contando com os meus patrocinadores, que têm ajudado bastante. E nós temos apresentado bons resultados, também nas redes sociais.