O que poderia parecer difícil, Ricardo Ares, de novo campeão pelo FC Porto, tornou uma bonita história de vida e sucesso
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Se a vida depender apenas de probabilidades, Ricardo Ares nunca falhou um livre direto e marcou todos os penáltis diante de uma extensa lista de improbabilidades. A imagem que usa o hóquei em patins como analogia faz todo o sentido de ser usada desde os primeiros anos de vida de uma criança nascida no País Basco que sonhava ser jogador de hóquei. Apesar de ter como ídolo um guarda-redes de futebol, Andoni Zubizarreta. Esse mesmo, o atual diretor-desportivo do FC Porto.
No campo das possibilidades, seria difícil imaginar algo mais improvável. Exceto se o protagonista da história for Ricardo Ares, que haveria de ser hoquista apesar de não ser galego, nem tão pouco catalão. Filho de um antigo futebolista do Athletic Bilbau, Ares teve o pai que precisava para alcançar o sonho que criou desde cedo, quando concordou que o filho único abandonasse Pamplona, em Navarra, para ir prestar provas ao Reus Deportiú, na Catalunha. Tinha apenas 15 anos. O avô paterno, muitos anos antes, duvidara em deixar o filho aceitar uma proposta dos escalões de formação do Real Madrid.
Oito títulos em três épocas são o lado famoso do treinador de hóquei dos azuis e brancos, ele que nasceu no País Basco e que tinha como ídolo da juventude um tal de Zubizarreta.
Apesar de parecer pouco provável, este mesmo basco acabaria por somar 14 temporadas como jogador na liga espanhola e haveria de ser selecionador feminino e masculino de Espanha. E tudo isto antes chegar ao FC Porto, onde ao cabo de três épocas alcançou oito títulos.
De Ares dizem ser difícil, talvez impossível, encontrar alguém que diga mal dele. De trato fácil, vive o hóquei em patins de forma intensa. Quinta-feira passada, poucas horas depois de chegar ao Dragão Arena com a taça, estava de regresso ao pavilhão do FC Porto. A imagem pode parecer forte para quem um dia antes sagrara-se campeão de Portugal, mas reforça apenas o que é o treinador Ricardo Ares. Curioso e perfecionista.
Para ser jogador de hóquei em patins foi morar para a Catalunha com 15 anos. Aos 48, acaba ce celebrar o oitavo título em três anos no FC Porto.
A viver sozinho no Porto - a família passará a acompanhá-lo no início da próxima época -, Ares dedica-se todos os dias a ser treinador, analisando, observando, planeando no escritório que tem no Dragão Arena. É habitual encontrá-lo a assistir a um jogo de hóquei em patins de um campeonato secundário português ou dos escalões de formação do FC Porto, nem tão pouco surpreende vê-lo, curioso, num jogo de voleibol, basquetebol ou andebol dos azuis e brancos. Num programa do Porto Canal, revelou mesmo ter assistido a sessões de vídeos das equipas portistas de voleibol feminino e basquetebol, assumindo ter ficado maravilhado com o “tratamento estatístico” nessas modalidades.
Ares pode não saber fazer a melhor paella do mundo, pode ter tropeçado nas escadas do Dragão Arena no dia em que assinou contrato, mas sabe onde estava e em que dia de dezembro de 2020 recebeu o telefonema de Eurico Pinto, responsável máximo do hóquei em patins do FC Porto. O resto é uma história de sucesso.