As palavras da estrela do futsal mundial, que colocou um ponto final na carreira esta sexta-feira
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O internacional português Ricardinho tomou “a decisão mais difícil” ao meter esta sexta-feira um ponto final na carreira de futsal, modalidade que não escolheu, mas foi “amor quase à primeira vista” até se tornar seu embaixador global.
“Venho meter um ponto final na minha carreira desportiva, enquanto profissional. É a decisão mais difícil que estou a tomar na minha vida, como atleta. A partir de hoje, passo a ser uma lenda e um ex-profissional do futsal”, começou por afirmar o jogador, em conferência de imprensa realizada na Cidade do Futebol, em Oeiras.
Eleito melhor jogador do mundo por um recorde de seis vezes (em 2010 e de 2014 a 2018), Ricardinho, de 39 anos, concluiu uma carreira onde conquistou todos os principais títulos a nível de clubes e seleção, com destaque para o Mundial'2021.
“Eu não escolhi o futsal. Queria ser jogador de futebol, mas negaram esse sonho porque disseram que eu era muito pequeno. Carolina Silva acreditou em mim, foi buscar-me ao bairro e disse que tinha de jogar este desporto. Foi um amor quase à primeira vista. Ter a bola no pé era o meu sonho e aí estava sempre em constante contacto”, recordou Ricardinho, natural de Valbom, do município de Gondomar.
Com os companheiros de longa data Bruno Coelho e João Matos entre a plateia, Ricardinho resumiu a sua longa história de sucesso, lembrando os seus principais feitos e sem acreditar numa “história tão bonita, mesmo que a tivesse sonhado”, que teve o ponto mais alto na conquista do Mundial2021, após uma lesão grave. “Sempre disse que ia ouvir o meu corpo e mente. Disseram que já chega e estas lágrimas são de orgulho pelo trajeto e legado. Agora, é olhar para a frente, que vêm coisas novas. O desporto vai estar sempre na minha vida, a acompanhar os mais novos”, salientou, antes de oferecer à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) as últimas sapatilhas pelas quais alinhou por Portugal, na final dessa competição.
Ricardinho vai integrar a estrutura federativa, não se sabendo ainda qual o cargo, com o presidente Pedro Proença a enaltecer o “melhor jogador de futsal de todos os tempos, que sempre enobreceu esta modalidade”, motivando jovens e adultos. “É um atleta absolutamente de exceção. O Ricardinho é nosso, é um património lusitano e um homem eterno que ficará connosco. É bandeira deste país e teve a capacidade de transportar a Portugalidade aos quatro cantos do mundo. Cresceu connosco, motivou jovens a serem pessoas diferentes e o país está grato”, frisou.
Na impossibilidade de estar presente, o selecionador Jorge Braz não quis ficar de fora da despedida de Ricardinho, deixando um vídeo onde destacou o dia especial e reforçou a colocação do futsalista no topo dos melhores de sempre no desporto. “É um dia muito especial e serás recordado como o melhor de sempre. Ajudaste-me a crescer como treinador e ajudaste a seleção. É com estas memórias que nós recordamos o percurso do melhor de sempre. Obrigado pelo legado exemplar que deixaste aos jovens que agora se apaixonam pelo futsal. É um legado demasiado grande para que deixe de significar o que significas para o futsal não só português, mas mundial”, disse Jorge Braz, selecionador da equipa das ‘quinas’ desde 2010.
Ricardinho começou a jogar pelo Miramar FC, notabilizou-se no Benfica e passou pelo Nagoya Oceans (Japão), CSKA Moscovo (Rússia), Inter Movistar (Espanha), ACCS (Paris), Pendekar United (Indonésia), Riga FC (Letónia) e Ecocity Genzano (Itália), o último clube de uma carreira ímpar, com um total de 43 títulos coletivos.
Arrebatou o Mundial'2021 e o Europeu'2018 ao serviço da seleção portuguesa, contando 142 golos nas 188 internacionalizações, e conquistou três Ligas dos Campeões, cinco campeonatos portugueses, quatro Taças de Portugal, cinco Supertaças, seis Ligas espanholas, uma Liga francesa, três Ligas japonesas, uma Liga letã, entre muitos outros títulos.