Ricardinho disse adeus à Seleção: "Foi bonito, nunca tinha estado tão nervoso"
Declarações de Ricardinho após o Portugal-Bélgica (2-3), em encontro de preparação para o campeonato mundial, disputado em Gondomar. Foi o jogo de despedida da Seleção para o astro português.
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Ricardinho (jogador de Portugal): "Quero só clarificar que acabou a carreira na seleção nacional, mas não a de jogador de futsal, ainda vou jogar mais um ou dois anos.
Foi um ciclo muito bonito. Nunca queremos, nem estamos preparados para o último jogo e a parte mais difícil é escolher o momento para um ponto final. A minha grande aventura com a seleção começou aqui em Gondomar, lembro-me de no primeiro jogo o pavilhão estar cheio como hoje, com as pessoas da minha terra.
Hoje não poderia ser de outra maneira, terminar o ciclo a correr bem, era tudo importante menos o resultado, o que não é apanágio na nossa seleção. Estou feliz por ter conquistado o objetivo de entrar com os meus filhos em campo. O meu sonho era entrar com eles bebés, agora já estão maiores que eu. Correu de maneira perfeita, o carinho das pessoas e da imprensa. Temos presente e futuro na seleção, foi o melhor momento para sair.
Tinha dois títulos por conquistar: entrar com os meus filhos e ir aos Jogos Olímpicos. Uma delas consegui e outra não, como atleta. Agora, como embaixador de futsal na Federação Portuguesa de Futebol vamos tentar de tudo para conseguir o campeonato mundial de futsal feminino, que é o mais importante, e a partir daí, já que não consegui como atleta, lutar com as forças todas de fora para que o presente e o futuro da seleção chegue aos Jogos Olímpicos e colocar a modalidade no patamar que merece.
Nunca vou ser selecionador de Portugal, nunca sonhei ser treinador de futsal. O meu foco sempre foi partilhar. Tudo o que os meus companheiros na seleção e clubes sempre partilharam comigo para encher o copo que estava vazio. Quando criei as minhas academias foi, não só para passar aos jovens a minha experiência, mas usar o desporto como integração social, para desviar os miúdos de outros caminhos. Quero fazer crescer o futsal. Trabalhei tantos anos para criar um legado tão grande que tornar-me treinador seria um passo errado.
Ainda me lembro da primeira chamada à seleção, soube através de um jornal, ainda tinha 16 anos. Não acreditava, tão jovem nunca pensas que vais logo para a seleção principal. Esta [última] convocatória fez-me ficar ainda mais nervoso, com os pelos arrepiados porque infelizmente sabia que era a última. Aqui é o melhor espaço do mundo para estar enquanto praticante da modalidade e vestir esta camisola.
Sempre disse a várias direções [da Federação] que jamais abandonaria a seleção sem a colocar no nível mais alto possível, sozinho era impossível, mas conseguimos dar passos incríveis para que esta modalidade fosse valorizada.
Hoje [quinta-feira] foi bonito, nunca tinha estado tão nervoso. O que senti foi gratidão por tudo o que fizeram, fizeram de mim um homem, um atleta de elite, dei tudo o que poderia dar pela seleção e pelo país, deixei um legado para que os jovens acreditem que também podem chegar lá. Foi a despedida perfeita no momento perfeito."