Relatos da prisão de Brittney Griner: "Escravatura como nos tempos dos gulags"
Basquetebolista norte-americana está detida na colónia penal IK-2, a 500 km de Moscovo
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A basquetebolista norte-americana Brittney Griner está detida na Rússia desde fevereiro e foi considerada culpada em tribunal por posse e tráfico de drogas, em agosto, e a prisão para onde foi transferida recentemente, a colónia penal IK-2, a cerca de 500 quilómetros da capital, é descrita por quem a conhece como das mais duras do país.
O IK-2 está na República da Mordóvia e diz-se que lá se cometem violações dos direitos humanos. "É o lugar que qualquer preso quer evitar", afirma a socióloga Olga Zeveleva.
Uma figura pública que lá esteve detida dois anos, Nadezhda Tolokonnikova, integrante da grupo musical Pussy Riot, fez greve de fome e denunciou terem 17 horas de trabalho por dia e viveram sob ameaças.
"Há privação do sono, pressão para cumprir quotas de trabalho impossíveis, reclusas a ponto que quebrar por completo, a gritar constantemente, sem parar, ou a lutar por coisas mínimas", contou Tolokonnikova à NBC.
"Mandaram a Griner para a pior prisão de toda a Rússia. São normais os espancamentos, as torturas e quase não há assistência médica. Se não estiverem a trabalhar nos uniformes as prisioneiras têm de fazer trabalhos físicos muito duros, como cavar valas ou partir blocos de gelo. Se alguém se negar, vai para uma cela de castigo, um espaço mínimo e gélido. Os barracões têm entre três a cinco casas de banho para 100 ocupantes. Não há água quente... São lugares que não mudaram desde o tempo dos gulags. As condições são de escravatura. Algumas decidem suicidar-se, o que nem sequer é fácil num sítio destes", junta Nadezhda.
O centro penitenciário era um gulag ainda dos tempos de Estaline. "É como se tivesse parado 50 anos no tempo", conta Judith Pallot, professora de Oxford que visitou o local em 2017.
Os detidos passam duas semanas de quarentena para controlo de doenças, depois têm de andar sempre de lenço na cabeça e passam 12 horas a trabalhar. Na cadeia feminina o trabalho é costura de equipamentos penitenciários ou para a força aérea russa.
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