Reinaldo Ventura fez o clube de São João da Madeira regressar à I Divisão e sagrar-se campeão nacional da segunda. Nos últimos dez anos como jogador, Reinaldo começou a treinar na formação, sendo adjunto de Renato Garrido nos sub-20 do FC Porto. Passou a principal na Juventude de Viana, antes de chegar à Sanjoanense.
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“Gostava de dizer que o convite da Sanjoanense foi-me feito numa altura em que estava a ponderar um afastamento da modalidade. Depois da época que tive em Viana [descida de divisão], era em algum tempo de paragem do hóquei que estava a pensar, mas o convite foi algo que me fez repensar, pela envolvência do clube, pelo projeto e pelos objetivos, que passavam pela subida”. Foi desta forma que Reinaldo Ventura, o treinador que levou a Sanjoanense à subida à I Divisão e, mais ainda, à conquista do título do escalão secundário, começou a conversa com O JOGO.
“A negociação não foi fácil, não pela vertente financeira, mas pela política, pela gestão, foram precisas várias reuniões para chegarmos a consenso, mas depois do acordo tudo foi gerido da melhor forma e tenho todas as condições de trabalho”, enalteceu o técnico de 46 anos, enfatizando o facto de os dois propósitos estabelecidos terem sido conseguidos: “Esta foi uma temporada muito positiva, os dois objetivos prioritários foram alcançados, o principal, que era a subida de divisão, e o secundário, que era ser campeão”.
Reinaldo Ventura explicou-nos também como, numa época, esteve ligado a uma descida, para na seguinte fazer o caminho inverso. “Estamos a falar de duas realidades diferentes”, reagiu. “Tive a infelicidade de apanhar a Juventude de Viana num ciclo muito complicado, que, felizmente, já passou. Pelo contrário, na Sanjoanense tive a felicidade de ter um projeto diferente, uma estrutura diretiva muito forte, com todas as condições, a nível de apoio”, explicou. “Chego a São João da Madeira e tenho gente a trabalhar com uma enorme paixão pelo clube a custo zero, é uma envolvência incrível à volta deste símbolo”, elogiou.
“Temos de ser sempre positivos, encarar os desafios que temos pela frente com otimismo, mas esperar uma época como a que fizemos era difícil. É complicado imaginar e prever, mas construímos uma equipa competente e com homens capazes de aguentar esta ilusão da subida à I Divisão. Isto tem de ser com gente capaz, pessoas corajosas para enfrentar o desafio e as nossas souberam alcançá-lo”, frisou também.
“Tenho de ser bem mais calmo e ponderado”
Com uma longa e brilhante carreira de jogador - começou com 12 anos nos sub-13 do FC Porto, clube que representou durante 25 épocas consecutivas - , Reinaldo era imprevisível e impulsivo. “São coisas diferentes. Como jogadores temos uma interação direta no jogo, está-se ali e decide-se. Como treinadores temos de passar uma mensagem, mas depois a decisão é deles, dos atletas, que estão lá dentro, essa é que é a verdade”, sustentou. “Outra diferença grande é que tenho de ser bem mais calmo e ponderado do que era como jogador”, reconheceu o 12 vezes campeão pelos azuis e brancos, admitindo que “a cada ano que passa todos temos de ir crescendo e aprendendo coisas novas”.
Crescer para estabilizar na I Divisão
Reinado Ventura não coloca a fasquia alta para 2024/25. Pelo contrário, refere-se a um plano de crescimento sustentado. “A Sanjoanense está envolvida num projeto a mais longo prazo, quer fazer crescer o hóquei em patins do clube de forma a que este deixe de ser de descida/subida, para estabilizar na I Divisão”, explicou o timoneiro, sabendo que “este ano é demasiado importante para se pensar em outros objetivos que não a permanência”. “O importante, independentemente do treinador, é arranjar forma de alcançar a tal estabilidade. Vamos continuar a trabalhar juntos, e como eu costumo dizer, isto tem e ser bom para os dois lados”, referiu.