Primeira etapa da 45.ª edição teve profundas alterações nas classificações devido a penalizações por excesso de velocidade. Até os brilharetes de João Ferreira e Joaquim Rodrigues se perderam
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Carlos Sainz somou a sua 42.ª vitória de etapa, quinta da história dos Audi elétricos, e tornou-se no primeiro líder dos automóveis na 45.ª edição do Rali Dakar, mas o êxito do veterano espanhol, que recuperou de um furo na fase inicial e tinha o filho, piloto de Fórmula 1 da Ferrari, à espera no final, foi apenas um detalhe num primeiro dia marcado por acidentes e penalizações.
O próprio Sainz beneficiou dos 15 minutos aplicados ao seu colega Mattias Ekstrom - cinco dos dez primeiros nos automóveis foram penalizados - e nas motos o triunfo de Ricky Brabec, da Honda, deveu-se ao minuto aplicado ao tempo de Joan Barreda e dois a Daniel Sanders, que haviam sido os mais rápidos nos 368 quilómetros cronometrados e terminado com o mesmo tempo. Pablo Quintanilha ficou a sete segundos da dupla e também "levou" dois minutos.
A etapa inaugural ficaria ainda marcada pela dura queda de Sam Sunderland, ao km 52, que obrigou o vencedor do ano passado a abandonar. O britânico da GasGas foi hospitalizado devido a uma fratura de omoplata, concussão e hematoma nas costas. "Desistir no primeiro dia é difícil de engolir", desabafou.
Os portugueses também perderam os seus brilharetes devido a penalizações. Joaquim Rodrigues chegou em 12.º, ainda subiu a 10.º e depois baixou a 17.º, com seis minutos acrescentados ao seu tempo.
António Maio acabou por ficar como o melhor português nas motos, em 15.º. "Fui tranquilo para esta primeira etapa. Já há muito tempo que não navegava. Foi uma reaprendizagem. Senti-me bem com a moto, que esteve muito boa", explicou o major da GNR.
Rui Gonçalves, com uma avaria na embraiagem, já perdeu 36 minutos. "Foi um dia muito difícil, a nível físico e psicológico, pois logo após o início da etapa percebi que algo não estava bem com a embraiagem, que pouco depois deixou mesmo de funcionar. Numa trialeira extremamente complicada a mota acabou por se ir abaixo, e como tinha pedras muito grandes, tive que gastar imensa energia e perder imenso tempo para tirá-la daquele sítio", contou o piloto da Sherco, que prefere ver o lado positivo: "Apesar de termos começado desta forma menos positiva, continuamos em prova".
Nos protótipos SSV, João Ferreira estreou-se com o sexto tempo e "muito satisfeito", mas levou um acréscimo de 15 minutos e desceu a 12.º. Hélder Rodrigues ficou como o melhor, em sétimo.
"Foi um dia duro, com muita, muita pedra. Partimos junto dos principais concorrentes dos SSV, mas misturados com muitos automóveis. Ainda não estamos no nosso ritmo. Estamos focados em não perder muito tempo e andar sempre perto dos primeiros para, nos próximos dias, tentar subir na classificação. O nosso objetivo é, aos poucos, chegar à frente, mas temos de ter cuidado e não cometer erros", referiu Hélder Rodrigues.